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Novos hábitos: Pandemia aquece mercado da arquitetura e engenharia
Publicado em: 02/07/2020 às 17:00
Profissões já começam a dar sinais de como será o pós-pandemia; quarentena despertou novas necessidades em relação à moradia
O cenário atual, impactado pela pandemia da covid-19, tem provocado novos olhares, inclusive para as profissões de arquiteto e de engenheiro civil. O isolamento social vem causando mudanças significativas nas estruturas da sociedade, na família, no trabalho, na educação e na própria casa.
Muitas pessoas sentiram necessidade de mudar ou de adaptar não só as relações, mas, também, os espaços, o que deu projeção à arquitetura residencial. Devido a isso, necessidades diferentes foram surgindo. Um exemplo aconteceu com o home office, que ampliou a ideia de projetar a residência a partir das atividades exercidas.
Adequar a rotina de trabalho ao ambiente da casa exigiu pensar a criação de um local apropriado, com privacidade, boa iluminação, bom sinal de internet e cadeiras com melhor ergonomia. Essa nova configuração aumentou o número de contratação de reformas residências e de projetos arquitetônicos que prezem por melhor aproveitamento dos cômodos, maior conforto, ventilação e luz natural.
Uma das apostas para a retomada da economia no país é a construção civil. Ela não parou e, ainda, foi responsável pelo surgimento de novos temas, como o de salubridade das construções. Outro fator que ficou mais evidente está ligado às normas e cerificações com foco no bem-estar e segurança das pessoas, seja no âmbito do cliente final ou do profissional da obra.
A coordenadora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Paranaense - Unipar, Unidade de Cascavel, professora Deborah Paciornik, relata que as pesquisas já apontam mudanças de interesses dos clientes. Artigos recentes citam algumas transformações, como a busca por espaço de higienização logo na entrada, plantas dentro de casa, cantinho para relaxar, detalhes de decoração que tragam aconchego, além de revestimentos de fácil limpeza.
O pós-pandemia intensificará também a relação homem/jardim, demandando mais espaços ao ar livre e fortalecendo a cultura do paisagismo. Outra nova característica é a criação de horta em casa e, ainda, a ideia de consumo consciente e redução na produção de lixo. Outra proposta que já ganha proporção é o acesso reservado ao delivery, minimizando o contato entre as pessoas.
Arquitetura residencial
Para a professora, o fato de as pessoas passarem mais tempo em casa fez com que percebessem que os ambientes devem e podem ser mais acolhedores e confortáveis, e essa nova percepção trouxe a valorização do profissional da arquitetura que tem o conhecimento necessário para transformar os espaços, por meio de técnicas e soluções, que muitas vezes podem ser simples.
Ela cita como exemplo o uso de vegetação dentro de casa, que traz de volta a conexão com a natureza, já que, a nova situação, impossibilitou os passeios nos parques e praças.
“A procura por projetos de arquitetura de interiores cresceu nesse período. A inquietação do isolamento trouxe à tona a percepção da influência que os espaços causam nas pessoas, e esse conhecimento a respeito das sensações que os espaços podem causar, e como transformá-los, para que causem boas sensações, é atribuição do arquiteto e urbanista”, diz, informando que houve aumento na procura por estagiários de Arquitetura da Unipar, neste período.
Planejamento urbano
Segundo a coordenadora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unipar em Cascavel, já existe uma nova linha de pensamento no Planejamento Urbano, em como pensar as cidades após a pandemia.
“Um exemplo é a mobilidade urbana, onde o transporte público se torna um risco por causa da aglomeração; diante disso, outros meios de transporte devem ser o foco dos urbanistas daqui para frente, sem esquecer a sustentabilidade”, explica.
Ela acredita também que as áreas verdes de lazer, projetadas por arquitetos paisagistas, serão mais valorizadas em decorrência da pandemia, “pois os espaços ao ar livre são uma opção mais segura para a volta da convivência em sociedade, além de contribuírem para a sustentabilidade urbana”.
Experiência projetual na pandemia
Segundo o arquiteto e urbanista Fernando Melchior, que é egresso da Unipar, houve um choque no início da pandemia, onde os contratantes precisaram de um tempo para pensar se seguiriam ou não com os projetos. Porém, logo após os primeiros 15 dias de quarentena, os projetos no escritório aumentaram.
“A resposta disso vem ao fato de os clientes terem ficado mais tempo em suas casas, acabando tendo mais contato com o espaço de moradia, reconhecendo a necessidade de reformar, projetar ou readequar os ambientes”, justifica.
Para ele, o home office ganhou vida e obrigatoriedade nos próximos projetos: “Acredito ainda num aumento progressivo de reformas residenciais, pois certamente vamos precisar ficar mais tempo em casa e mais trabalho estará por vir”.