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Pesquisadora Tereza Rodrigues abre Semana Acadêmica de Direito
Publicado em: 21/08/2019 às 16:00
Transgêneros – Conquistas e Problemas Persistentes foi o tema da palestra
A pesquisadora da Universidade Paranaense, professora Tereza Rodrigues Vieira, ministrou a primeira palestra da Semana Acadêmica do curso de Direito da Unidade de Francisco Beltrão. O tema abordado foi Transgêneros – Conquistas e Problemas Persistentes. Participaram acadêmicos e professores dos cursos de Direito e Psicologia.
O diretor da Unipar, professor Claudemir José de Souza, abriu a jornada enaltecendo o empenho da Instituição para trazer os melhores pesquisadores para os eventos direcionados aos acadêmicos.
Em seu discurso, o coordenador do curso, professor Alexandre Magno, falou da importância da presença da palestrante na instituição. “Em poucas oportunidades conseguimos contar com profissionais de destaque nacional e internacional, principalmente pela dificuldade de acesso à região Sudoeste, então, sintam-se privilegiados com a presença da professora Tereza”.
A palestrante aproveitou a ocasião para fazer o lançamento do seu mais recente livro, intitulado ‘Transgêneros’, obra que dedicou à artista Roberta Close. Quando se decidiu pelo tema, ela lembra que no Brasil havia muito pouco material sobre o assunto, por isso, foi estudar na França.
“Quando voltei, fui para São Paulo para advogar nesta área, porque não havia ninguém que advogasse. Meu escritório era o único no Brasil que tratava somente sobre isso: mudança de nome ou mudança de nome e gênero. O escritório passou a ter procura do Brasil todo e também de brasileiros que moravam no exterior. Naquela época para mudar de gênero as pessoas tinham que ter feito cirurgia”, afirma.
Segundo ela, a pessoa que tinha feito cirurgia para mudança de sexo não conseguia ganhar na justiça, como foi o caso de Roberta Close. “Ela ganhou na primeira instância, mas foi perdendo em todas as outras. Depois, passamos a entrar com ações de pessoas que não tinham feito cirurgia. As teses foram mudando com o tempo. Primeiro nós tínhamos que falar que era doença, porque estava na classificação de doença, assim ficava até mais fácil para o juiz aceitar porque falávamos que era doença e a cura era fazer cirurgia. E não adiantava fazer a cirurgia e não mudar o nome, a pessoa não estaria pronta para a vida social dela. Hoje, graças a Deus, as pessoas não precisam entrar com ação, nem para mudar o nome, nem para mudar o gênero, podem ir diretamente no cartório”.
Amizade com Roberta Close
A professora conta que dedicou o livro à Roberta Close. “Fiz questão de prestar esta homenagem a ela pela visibilidade que deu ao tema, nacional e internacionalmente. Foi uma obra organizada e escrita com muito carinho. Somos amigas desde 1995 e ganhamos a batalha para mudança do nome e gênero dela em 2005. Nós nos vemos e falamos com frequência, pois ela é uma mulher admirável. Ela própria me enviou a foto usada na contracapa do livro”, conta. Roberta Close é modelo, atriz, cantora e apresentadora brasileira, naturalizada suíça. Ela foi a primeira modelo trans a posar nua para a edição brasileira da revista Playboy.
Assuntos do livro
Os temas abordados na obra focam pessoas transgênero no esporte, pai grávido, registro civil, transcidadania, saúde, criança, adolescente, eleições, trabalho, previdência, aposentadoria, despatologização, aplicação da Lei Maria da Penha, transfobia, histórico brasileiro da transexualidade, entre outros assuntos.