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Curso de Farmácia enaltece importância do farmacêutico na sociedade
Publicado em: 06/06/2019 às 15:00
Nesta graduação, a Instituição congrega cerca de 400 acadêmicos, em todas as suas sete unidades
Monteiro Lobato, o precursor da literatura infantil, tinha também muita preocupação com a saúde pública. Foi ele que, no início do século passado, registrou, talvez, a melhor definição do profissional farmacêutico de todos os tempos. Em seu livro ‘O Papel do Farmacêutico’ escreveu: “O papel do farmacêutico no mundo é tão nobre quão vital. O farmacêutico representa o órgão de ligação entre a medicina e a humanidade sofredora. O farmacêutico sorri filosoficamente no fundo do seu laboratório, ao aviar uma receita, porque diante das drogas que manipula não há distinção nenhuma entre o fígado de um Rothschild e o do pobre negro da roça que vem comprar 50 centavos de maná e sene...”.
Mas o escritor não foi o único famoso que abraçou esta profissão. Entre vários outros estão Henri Nestlé, João Bernardo Coxito Granado, John Walker, Miguel Krigsner (fundador da marca Boticário) e o poeta Carlos Drummond de Andrade (confira detalhes e outros nomes abaixo).
Uma das profissões mais antigas, o farmacêutico usa de seus conhecimentos de química, biologia, botânica e farmacologia para oferecer um suporte extremamente importante no cuidado da saúde. Cumprindo o papel de ligação entre os medicamentos e o tratamento, os profissionais de Farmácia têm campo de trabalho bastante amplo – são mais de 70 áreas de atuação.
“O estudante de Farmácia é sempre alguém que gosta muito de estudar, de amparar e ajudar as pessoas; e, para isso, compromete-se com o cuidar, com o bem-estar dos outros; além disso, deve ter equilíbrio emocional, sensibilidade para questões sociais e facilidade de comunicação”, afirma a coordenadora do curso em Umuarama, professora Samantha Swietzikoski.
Desde 1991 Farmácia faz parte da grade de cursos da Unipar. Nele, hoje, a Instituição congrega cerca de 400 acadêmicos, distribuídos nas modalidades presencial – Umuarama, Toledo, Paranavaí e Francisco Beltrão – e semipresencial – nas sete Unidades-Câmpus da Instituição. Nesse período, já formou para a sociedade cerca de três mil farmacêuticos.
“O profissional graduado em Farmácia pela Unipar conta com o diferencial de uma formação generalista, com uma ampla visão das diversas áreas envolvidas, além de receber conhecimento técnico e científico para promover a saúde em todos os seus níveis”, afirma a professora Samantha.
Segundo ela, como farmacêutico, ele será capaz de realizar análises clínicas, de alimentos e fármacos, pesquisa, produção, armazenamento, interações e controle de qualidade. Também estará apto a planejar, desenvolver, manipular, produzir, controlar e dispensar medicamentos, realizar exames diagnósticos nas áreas de análises clínicas, toxicológicas e de alimentos.
“Seu papel envolve, ainda, informar a população sobre o uso racional de medicamentos e seus efeitos, além de exercer e divulgar ações sobre a farmacovigilância, como aliado da vigilância sanitária e epidemiológica; são papeis muito importantes e necessários”, enfatiza a coordenadora.
Cumprindo sua missão de formar profissionais, depois de se consolidar com vários cursos na área das Ciências Humanas [nas décadas de 1970 e 1980], a Unipar partiu para seu plano seguinte, que era o de investir em cursos da área de Ciências da Saúde. Começou com Psicologia em 1989 e, dois anos depois, já iniciava as aulas do curso de Farmácia.
A diretora do Instituto de Ciências Biológicas, Médicas e da Saúde da Unipar, professora Irineia Baretta, foi a primeira coordenadora. “Cumprindo sua missão de colaborar para o desenvolvimento das cidades, a Unipar investiu na implantação do curso porque havia alta demanda por profissionais farmacêuticos, na maioria das cidades desta região”, informa.
Ela conta que o curso passou a ser um dos mais concorridos da Instituição, no vestibular, e houve um tempo em que reuniu cerca de mil alunos. “A história do nosso curso de Farmácia é linda e gratificante, pois promoveu a transformação de muitas vidas, de muitas famílias; hoje ando pela cidade e região e sempre encontro ex-alunos e tenho orgulho de ver o quanto se desenvolveram”, exclama.
Para quem quer fazer o curso, ela dá o seguinte conselho: “Venha e viva intensamente todas as oportunidades que o curso oferece, pois os campos de atuação são muitos... Não se limite a pensar que farmácia é restrito a dispensação, manipulação ou laboratório de análises clínicas. Eu faria tudo de novo: sou doutora em Farmacologia e trabalho com saúde mental, mas minha essência e meu berço é a Farmácia... Cheguei onde estou graças à formação ampla que recebi, que me permitiu conhecer diversas áreas até me encontrar e me realizar tanto profissional quanto pessoalmente”.
Campo de atuação
São mais de 70 áreas; entre elas, administração farmacêutica, dispensação de medicamentos, bioquímica clínica, biofarmácia, citopatologia, cosmetologia, perfumaria, acupuntura, administração de laboratório clínico, administração hospitalar, análises clínicas, assistência domiciliar [em equipes multidisciplinares], controle de qualidade e tratamento de água, potabilidade e controle ambiental, atendimento pré-hospitalar de urgência e emergência, auditoria farmacêutica e bacteriologia clínica; bancos de cordão umbilical, leite humano, sangue, sêmen e órgãos; saúde pública, vigilância sanitária e controle de vetores e pragas urbanas.
E mais:
Biologia molecular
Bromatologia
Citoquímica
Docência
Exames de DNA
Farmacêutico na análise físico-química do solo
Farmácia antroposófica
Farmácia clínica
Farmácia comunitária
Farmácia de dispensação
Fracionamento de medicamentos
Farmácia dermatológica
Farmácia homeopática
Farmácia hospitalar
Farmácia industrial
Farmácia magistral
Farmácia nuclear (radiofarmácia)
Farmácia oncológica
Farmácia pública
Farmácia veterinária
Farmácia-escola
Farmacocinética clínica
Farmacoepidemiologia
Fitoterapia
Gases e misturas de uso terapêutico
Genética humana
Gerenciamento de resíduos dos serviços de saúde
Hematologia clínica
Hemoterapia
Histopatologia
Histoquímica
Imunocitoquímica
Imunogenética e histocompatibilidade
Imunohistoquímica
Imunologia clínica
Imunopatologia
Meio ambiente, segurança no trabalho, saúde ocupacional e responsabilidade social
Micologia clínica
Microbiologia clínica
Nutrição parenteral
Parasitologia clínica
Pesquisa
Toxicologia clínica
Toxicologia ambiental
Toxicologia de alimentos
Toxicologia desportiva
Toxicologia farmacêutica
Toxicologia forense
Toxicologia ocupacional
Toxicologia veterinária
Vigilância sanitária
Virologia clínica
Ilustres farmacêuticos
Na história da farmácia, destacamos alguns :
Alder Wright – farmacêutico inglês que desenvolveu a heroína em 1874, como um substituto para a morfina, que supostamente não causava dependência. O nome heroína era uma homenagem ao heroísmo da substância no combate à dor.
Cândido Fontoura – farmacêutico brasileiro, que em 1911 criou o tradicional Biotônico Fontoura.
Caleb Bradham – farmacêutico americano que em 1898 criou uma bebida revigorante e digestiva composta por extrato de noz de cola e pepsina, que viria a ser conhecida por Peps.
Carlos Drummond de Andrade – farmacêutico brasileiro formado em 1925 pela Universidade Federal de Ouro Preto [nunca exerceu a profissão].
Eduardo Augusto Gonçalves – farmacêutico português que em 1915 registrou a minâncora.
François Antoine Descroisilles – farmacêutico francês que no século 19 inventou o caféolette [embrião das cafeteiras], entre outros equipamentos.
Henri Nestlè – farmacêutico suíço que em 1866 desenvolveu uma combinação de leite, farinha e açúcar (farinha láctea), fórmula proposta para substituir o leite materno; na sequência vieram o leite Ninho, o Moça, o Nescafé e muito outros da marca.
João Bernardo Coxito Granado – farmacêutico brasileiro que em 1903 criou o famoso polvilho antisséptico.
John Pemberton – farmacêutico americano que em 1886 criou um tônico revigorante composto por extrato de coca e extrato de noz de cola, que viria a ser conhecida por coca-cola. Outro farmacêutico,
Asa GriggsCandler, comprou a fórmula e a tornou conhecida.
John Walker – farmacêutico inglês que em 1827 inventou o precursor dos atuais ‘fósforos de segurança’.
Maria da Penha Maia Fernandes - farmacêutica brasileira, que por vinte anos lutou para ver seu agressor (marido) preso. Em setembro de 2006 a lei 11.340/06, que leva seu nome, finalmente entrou em vigor, fazendo com que a violência contra a mulher deixe de ser tratada com um crime de menos potencial ofensivo.
Nicolas LeFevbre – farmacêutico francês que inventou o termômetro clínico.
Nagai Nagayoshi - primeiro farmacêutico japonês daquele país (1871) interessado em identificar os constituintes de ervas tradicionais asiáticas, que foi como ele veio a isolar o estimulante efedrina da planta chinesa Ephedrasinica.
Professora Irinéia e sua trajetória
Assim que se formou em Farmácia pela UEM, ela veio para Umuarama. Logo foi contratada pela Unipar para, incialmente, estruturar os laboratórios para o curso, mas a docência também a atraiu. Hoje está entre os melhores pesquisadores da Instituição, além de ocupar cargo de gestão. Leia a seguir a autodescrição de sua trajetória.
“Quando me formei em Farmácia na UEM, queria voltar para casa de meus pais [em Araruna, região de Campo Mourão], mas eles me disseram: “Filha, você precisa ir onde poderá crescer e, como você gosta da docência, por que não vai para Umuarama, pois lá estão abrindo um curso de Farmácia?”. Confiei em meus pais e vim. Inicialmente morei em um quarto no Laboratório Reunidos. O Doutor Celso [Obikawa, renomado bioquímico, fundador do Laboratório Reunidos, de Umuarama] nos acolheu (eu e Vania, minha colega de turma). De início, dei aula particular para a então aluna de Farmácia, Adriane Cordeiro Trevisan [hoje sócia-proprietária do Reunidos], que trouxe meu curriculum para a então FACISU (Faculdades de Ciências da Saúde de Umuarama), hoje Unipar. O curso de Farmácia teve início em maio de 1991 e eu entrei no dia 01/09/1991, então como responsável pela estruturação dos laboratórios para o curso de Farmácia (na época só havia três: microscopia, química e anatomia). Fui contratada com esta finalidade e como eu dava aulas particulares de Histologia (na graduação fui monitora da disciplina), fui convidada para auxiliar o então professor da disciplina, o médico Luiz Antônio de Mello Costa. Naquele mesmo ano, o Dr Candinho e D Neiva [fundadores da Unipar] me convidaram para auxiliar na coordenação geral dos laboratórios da área de saúde. No ano de 1992 assumi definitivamente a docência, devido à incompatibilidade de horários do Dr Mello Costa entre consultório, hospital e docência. Foi um grande desafio, mas eu estava me encontrando como farmacêutica, pois anteriormente trabalhei em farmácia, hospital e laboratório de análises clínicas, só que achava que ainda não havia me encontrado. Em 1993 fui convidada para assumir a coordenação do curso de Farmácia, pois como professora e responsável pela organização dos laboratórios da saúde, eu conhecia todos os alunos e tramitava entre eles de forma intensa. Havia alguns que eram mais velhos que eu e mesmo assim me respeitavam e trabalhamos juntos pelo curso. O que mais me motivava era poder contribuir na transformação de vidas e na qualificação profissional daqueles que procuravam o curso, tendo em vista a ampla gama de áreas de atuação. Depois, assumi a Direção do Instituto Superior de Farmácia, pois havia quase mil alunos no curso, em turnos integral, matutino e noturno. A Unipar trouxe para o interior do Paraná o curso de farmácia devido à alta demanda e o número restrito de profissionais com graduação. Tudo que fiz valeu a pena e faria tudo novamente pois a história do nosso curso de Farmácia é linda e congrega a transformação de muitas vidas, de muitas famílias; hoje ando pela cidade e região e sempre encontro um (a) ex-aluno(a) e tenho orgulho de ver o quanto se desenvolveram nas diferentes áreas: farmácia (manipulação, dispensação, homeopatia, saúde pública), laboratórios de análises clínicas, laboratórios especializados, hospitais, polícia científica, cosmética e dermatologia, indústrias, gerências, docência (maioria de nossos professores são egressos que fizerem mestrado, doutorado e hoje estão na docência) e outras tantas áreas. Caso você do ensino médio tenha desejo de fazer Farmácia ou gostaria de conhecer o curso, venha e viva intensamente todas as oportunidades que o curso oferece, pois os campos de atuação são muitos... Não se limite a pensar que Farmácia é restrito a dispensação, manipulação ou laboratório de análises clínicas. Eu faria tudo de novo, sou doutora em Farmacologia e trabalho com saúde mental, mas minha essência e meu berço é a Farmácia, cheguei onde estou graças à formação ampla que recebi, que me permitiu conhecer diversas áreas até me encontrar e me realizar tanto profissional quanto pessoalmente.”