UNIPAR - UM ESPAÇO PARA O SEU TALENTO

OUVIDORIA TRABALHISTA

Acesso online:

Criar ou recuperar sua senha
NOTÍCIA

‘O Capa Branca’: Autores do livro palestram para estudantes de Psicologia

Publicado em: 16/04/2019 às 15:00

Walter Farias, ex-funcionário do Complexo Psiquiátrico do Juquery, e Daniel Navarro Sonim, jornalista, vieram para abrir o Fórum Pedagógico do curso

Walter Farias e Daniel Navarro Sonim, autores do livro O Capa Branca
Walter Farias e Daniel Navarro Sonim, autores do livro O Capa Branca
Walter Farias e Daniel Navarro Sonim, autores do livro O Capa Branca
Professora Clarice Regina Catelan Ferreira, coordenadora do curso de Psicologia
Professora Clarice Regina Catelan Ferreira, coordenadora do curso de Psicologia
Acadêmicos e professores marcaram presença no evento
Acadêmicos e professores marcaram presença no evento
Acadêmicos e professores marcaram presença no evento
Professores com os palestrantes
Entrevista na TV+Unipar: Os autores Walter Farias e Daniel Navarro Sonim

O Fórum Pedagógico é um evento de grande importância na graduação, pois é a oportunidade dos professores e acadêmicos debaterem, juntos, diretrizes de ensino e outros assuntos importantes da atualidade para a formação acadêmica.

Para isso, o curso de Psicologia da Universidade Paranaense – Unipar, Unidade de Umuarama, reuniu-se em três dias de evento. Uma palestra apresentando o livro ‘O Capa Branca – De funcionário a paciente de um dos maiores hospitais psiquiátricos do Brasil’ abriu a programação. Os autores Walter Farias, ex-funcionário do Complexo Psiquiátrico do Juquery, e Daniel Navarro Sonim, jornalista, vieram a Umuarama especialmente para este propósito.

Na obra, Daniel narra as histórias vivenciadas por Walter, que foi capa-branca na década de 70, como eram conhecidos os funcionários em referência ao jaleco usado por eles, após passar em um concurso para atendente de enfermagem. No Complexo, fundado pelo médico Franco da Rocha, era realizada reabilitação de pacientes com transtornos mentais por meio de internação e trabalho como terapia ocupacional.

Com capacidade para oito mil pacientes, foi idealizado para receber pessoas com transtornos mentais. No entanto, quem não se enquadrava nos padrões de normalidade da sociedade era internado no Juquery, que logo se tornou superlotado, chegando a 16 mil internos, entre eles esquizofrênicos, imigrantes japoneses, presos políticos, pessoas com síndrome de down, prostitutas e mães solteiras, informaram os palestrantes.

Walter conta que presenciou verdadeiras cenas de tortura e muito sofrimento dos pacientes: “Como funcionário do Juquery, fui transferido para a 6ª colônia masculina. Quando chegamos lá, em um grupo de cerca de 50 pessoas, nós virávamos os pacientes na cama e víamos as costas cobertas por feridas, pois não havia nem higiene e limpeza do local”.

Ele citou que, entre os tratamentos, eram realizados eletrochoqueterapias, banhoterapias, comas insulínicos, lobotomias, camisas de força e medicações sem controle, procedimentos considerados muito violentos.

Daniel conta que o livro também relata casos de outros hospitais psiquiátricos do Brasil: “É importante conhecer o que aconteceu no passado, para que os erros não se repitam no futuro. O Juquery foi um grande campo de testes para evoluir a psiquiatria no Brasil e é um modelo de tratamento que não deu certo. Mesmo assim, ainda hoje existem pessoas que têm interesse em reaplicar esse modelo, ou por que não conhecem a história ou por que acham, simplesmente, convenientes as violências que ocorriam”.

Os escritores também lembraram que no complexo ainda ficava o manicômio judiciário, local onde eram internadas pessoas que tinham cometido crimes, diagnosticadas com problemas psiquiátricos. E quando Walter questionou sobre não ter passado em concurso para trabalhar no manicômio, foi de funcionário à paciente.

“Eu queria voltar para o Hospital Central, pois estava atuando quase como um carcereiro. Quando decidi não participar mais desse sistema, me perseguiram e acabei me tornando um paciente, passando por tudo o que os pacientes do Juquery passavam. Eu fiquei preso em uma cela, apenas com uma janelinha por onde ficavam me observando”, relata.

O Juquery começou a ser desativado na década de 90. Em 2001 foi aprovada a Lei Federal da Reforma Psiquiátrica, com diretrizes que apontavam para a humanização do tratamento por meio dos CAPS (Centros de Apoio Psicossocial).

Antes de participar do Fórum do curso de Psicologia, Walter Farias e Daniel Navarro Sonim concederam entrevista à TV+Unipar; no jornal Giro Unipar e no programa Saúde e Consciência.

Encontro de Egressos

No segundo dia de evento, o Encontro de Egressos trouxe ex-alunos bem-sucedidos na carreira. Os psicólogos Bruna Sossai, Gabriel Torres Medina, Maria Angélica Pires, Maria Margarida Androvicis Abrunhoza e Sonia de Fátima dos Santos Pego contaram sobre suas experiências e conhecimentos adquiridos na área. O último dia de evento abordou discussões pedagógicas com os acadêmicos de Psicologia.

Redes sociais>