Cascavel: Jornada de História fala de Gêneros, Culturas e Simbologias
Publicado em: 13/10/2010 às 10:30
Palestras, minicursos, apresentação de trabalhos científicos e Festival de Música atraíram estudantes e profissionais de todo o Paraná
O curso de História da Universidade Paranaense – Unipar, Campus de Cascavel, comemora dez anos e um dos eventos alusivos foi a 11ª Jornada Acadêmica, que trouxe como tema ‘Gênero, Cultura e Simbologias’. A semana contou com palestras, minicursos, apresentação de trabalhos científicos e noite cultural. Estudantes e profissionais de todas as regiões do Paraná prestigiaram a Jornada.
No evento, a diretora do Campus, professora Débora Venturin, enalteceu: “A Jornada de História abre o calendário oficial de jornadas de 2010 com o intuito de trazer novas abordagens e buscar a excelência na educação, cientes de que atingiremos nossos objetivos”. Também falou sobre a importância da integração entre as turmas e elogiou o desfile de indumentárias.
A palestra de abertura foi proferida pela professora doutora Ana Paula Martins, da Universidade Federal do Paraná, que falou sobre ‘Mulheres que escrevem: gêneros plurais’. Ela debateu a respeito da forma de construção da subjetividade feminina, apontando a entrada das mulheres no terreno da cultura escrita, a partir do renascimento. Um dos exemplos citados foi a obra ‘A cidade das damas: a construção da memória feminina no imaginário utópico de Christine de Pizan’.
“A partir da escrita as mulheres conquistaram seu espaço, estabeleceram o ponto de partida para a visão crítica”, salientou, justificando que elas queriam o mesmo que os homens: fama, notoriedade, reconhecimento e expressar suas ideias, porém, a sociedade não esperava que elas tivessem interesse, capacidade e talento.
A professora também abordou os temas maternidade, sexualidade e diversidade. Segundo ela, o objetivo é agregar conhecimento e exterminar qualquer forma de preconceito ou pensamento negativo, trazendo experiências sócio-históricas do gênero e literário narrativo. Também foi convidada para ministrar palestra a professora da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Tânia Zimmermann, que abordou o tema ‘Generificação da violência na imprensa do oeste paranaense’, discorrendo sobre relação de gênero (conhecimento que estabelece significado para as diferenças corporais), formas de violência doméstica e superficialidade da mídia entre os anos 60 e 80.
Ela diferenciou gênero de sexo; o primeiro trata de cultura e o segundo de natureza. E explicou que violência do gênero é uma forma de agressão que pode perpetuar contra homens e mulheres e constatou que os jornais mostram qualificações morais e a culpa recai sempre sobre a mulher, exemplo o caso Ângela Diniz. Sobre o fato, a professora conta que o movimento feminista levou o assassino, Doca Street, a um segundo julgamento, mostrando a preocupação com relação à democracia e anistia.
“A mídia coloca as mulheres como produtoras de seu destino trágico”, disse, lembrando também casos recentes, como as mortes de Eliza Samudio e Mércia Nakashima.
‘Noites de cabaré: interação, gênero e sociabilidade’ foi o tema da palestra ministrada pelo professor Fábio Lopes Alves, egresso do curso e autor do livro Noites de Cabaré: um estudo antropológico sobre a prostituição feminina, publicado pela editora Arte & Ciência 2010. Após experiência de seis meses em um bordel, o autor descortina as dinâmicas de integração e sociabilidade, apresentando a maneira como as garotas de programa constroem suas relações cotidianas no ambiente de prostituição.
O evento também ficou marcado pelo sucesso do 3º Acordes Universitários – Festival de Composição e Interpretação, que revelou talentos em vários estilos musicais e premiou os quatro primeiros colocados. As opções de minicursos também foram atrativas: Teogamia e poder – o nascimento divino da mulher do faraó, Gênero – questões teóricas e metodológicas, Representação e simbolismo do feminino na História e Ritos sagrados.
As comemorações não terminaram. No dia 5 de novembro, os historiadores promoverão uma festa na Associação dos Jornalistas e sugere-se que todos estejam fantasiados de algum personagem da história.
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