Cães e gatos: Professora pesquisa alérgenos na região Noroeste do Paraná
Publicado em: 13/08/2018 às 16:00
Por ser pioneira no assunto, foi reportagem de capa da MedVep, importante revista científica que aborda animais de estimação
O projeto de pesquisa sobre alérgenos em cães e gatos, idealizado e coordenado pela professora Regiane Baptista Da Silva desde 2017, da Universidade Paranaense – Unipar, resultou no artigo ‘Perfil dos principais alérgenos desencadeadores da dermatite atípica canina em Umuarama’. O trabalho é pioneiro na região Noroeste do Paraná.
Destacado como assunto de grande importância, o estudo foi publicado na revista MedVep (Revista Científica de Medicina Veterinária Pequenos Animais e Animais de Estimação), sendo capa da edição. De acordo com a professora, a ideia do artigo surgiu do estudo de casos de alergia crônica verificados em cães e gatos. Conhecida como dermatite atópica, consiste em uma mutação genética na pele que a torna vulnerável.
“A pele é um órgão muito extenso e que tem como função proteger nosso corpo. Quando ela vem com uma alteração genética que a torna frágil, a proteção também fica danificada e não funciona de forma adequada, então o sistema imunológico reage e torna-se hipersensível, desenvolvendo a alergia”, explica.
A alergia crônica desenvolve um sinal clínico importantíssimo que é o prurido (coceira), de forma intensa e grave, comprometendo a qualidade de vida do animal. “Acontece em animais antes dos 3 anos de idade e é comum em raças puras e pequenas, mas também pode ocorrer nos mestiços. Os cães que são mais acometidos são da raça Shih Tzu”, informa.
Diante disso, ela diz que percebeu a necessidade de identificar as substâncias causadoras das alergias nos animais: “A maioria dos casos identificados desenvolve alergia a partir de aeroalérgenos [alérgenos presentes no ambiente], sendo eles ácaros domiciliares, pólens encontrados no capim e fungos”.
O estudo também permitiu o levantamento dos principais alérgenos da região que desencadeiam a hipersensibilidade levando à coceira abrupta e todos os sinais clínicos consequentes da alergia. “As substâncias encontradas aqui na região são diferentes dos identificados em outros estados e não havia nenhum relato em nível de pesquisa sobre essa estatística, então pudemos identificar a incidência na nossa região e seus causadores”, afirma.
Outro detalhe importante: a pesquisa identificou que os pacientes testados não possuíam alergia a apenas uma substância. “A maioria dos cães teve duas ou múltiplas reações de hipersensibilidade quanto às amostras dos extratos coletados. Só desenvolvemos alergias ao que temos contato, ou seja, estes ácaros estão presentes em nossas casas, os pólens estão presentes em nossos jardins e esses fungos estão presentes no nosso ambiente em geral”, exemplifica.
Controle da doença
Segundo a professora Regiane, cientificamente os resultados são importantes para a medicina no controle das doenças em crianças, fornecendo informações de relevância para médicos alergologistas também trabalharem em casos de humanos que lidam com essas substâncias.
A revista MedVep, onde o artigo foi publicado, classificou a pesquisa como conteúdo relevante e de grande importância. “Recebemos o elogio com muito orgulho”, comemora a professora.
O artigo teve como coautores os professores de Medicina Veterinária da Unipar Salviano Tramontin Belettini e José Ricardo Pachaly. “Agradeço muito ao Pachaly por ter sido meu professor na graduação e orientador no mestrado. Fui muito feliz e sinto muito orgulho de ter ele comigo nessa caminhada”, reconhece a professora Regiane. Na pesquisa, a professora contou com a participação de dez acadêmicos, integrantes do PIC (Programa de Iniciação Científica) da Unipar.