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Curso de Arquitetura confecciona móveis com materiais reciclados
Publicado em: 10/08/2018 às 15:00
Mostra possibilita aprender sobre sustentabilidade e descarte consciente de resíduos e ainda desperta a criatividade na atuação em design de interior
A sustentabilidade é hoje um tema discutido em todo o mundo, no meio acadêmico, mídia, política, entre profissionais das mais diversas áreas e até entre amigos. Vista de forma positiva, essa movimentação tende a conscientizar a população sobre a problemática ambiental. Nesse cenário, o curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Paranaense – Unipar, Unidade de Cascavel, dá destaque à mostra nacional Morar Mais por Menos.
A turma do 3° ano aceitou o desafio de projetar e confeccionar móveis com materiais reciclados, sorteados entre as equipes, e o trabalho foi destaque no primeiro semestre. Na Unipar, esse trabalho vem sendo feito há quatro anos e, nesse ano em especial, a superação da criatividade proporcionou alguns móveis confeccionados com 100% de material reciclado.
Para a coordenadora do curso, professora Deborah Paciornik, os resultados foram surpreendentes: “A criatividade dos alunos mostra como é possível fazer móveis e objetos de decoração gastando pouco e reutilizando materiais que virariam resíduos. Outro ponto interessante foi demonstrar que a utilização na confecção dos móveis, com mais de um material reciclado, nem sempre é possível se usar apenas resíduos para criação; diversas vezes é necessário utilizar peças novas, como parafusos, dobradiças, entre outros”.
O objetivo é conscientizar os alunos sobre a questão do desenvolvimento sustentável e, principalmente, que um ambiente desenhado por um arquiteto criativo, pode ser belo, funcional, atender às necessidades do cliente sem que esse precise gastar muito para realizar seus sonhos.
A coordenadora destaca que, apesar de ser muito discutida, a sustentabilidade perdeu o seu conceito real e mesmo sendo popular, muitos não sabem direito a definição de sustentabilidade.
Assim, a sustentabilidade aparece como consequência do desenvolvimento sustentável, que, com base no Relatório Brundtland (“Nosso Futuro Comum” – WCED 1987), é “aquele que responde as necessidades do presente de forma igualitária, mas sem comprometer as possibilidades de sobrevivência e prosperidade das gerações futuras”.
Contudo, a docente instiga a refletir para quem é construída a sustentabilidade. “Como é possível preservar algo para o futuro, sem que exista envolvimento da sociedade presente, já que é esta que se relaciona com o meio, ou melhor, com o espaço, na construção do futuro desejado?”, questiona.
Ainda, justifica que a sustentabilidade é construída para pessoas e o espaço onde elas vivem. “Quando se discute a respeito da sustentabilidade, não se pode acreditar que ela deve ser apenas vista como algo que atingirá somente as pessoas do futuro, talvez esse tenha sido o maior equívoco das políticas ambientais até o início do século XXI, reforça.
Com base nesse contexto, Deborah observa que dentre os diversos problemas que a sociedade enfrenta estão os resíduos. Em estudo, a professora avalia que as cidades geram milhões de toneladas de resíduos por dia, sendo levados para aterros sanitários: “Na década de 60, a sociedade se tornou mais consumista, devido aos grandes avanços tecnológicos ocorridos nessa época, e a consequência é o consumo de bens que vem aumentando assustadoramente. E é logico que a medida que se adquirem novos bens aumentam-se a quantidade de resíduos proporcionalmente”.
A solução mais conhecida para problemas a respeito da destinação desses resíduos, é a reciclagem - fabricação de novos produtos. A professora aponta que, no contexto arquitetônico, além da reciclagem, têm sido difundidas outras formas de produzir menos resíduos, como o caso de reuso de móveis antigos, dando-lhes uma aparência nova.
Também destaca outro conceito amplamente conhecido, o retrofit, já muito utilizado na Europa. “Trata-se de uma forma de dar aos prédios antigos um novo design, uso e novas tecnologias, a fim de evitar demolições reaproveitando antigas construções. Mais uma tendência dentre designs é o uso de materiais para a confecção de móveis, à primeira vista, vistos como resíduos - os pallets, madeiras de demolição, ou até mesmo de restos de construções, caixas de frutas, carrinhos de supermercado, pneus, entre outros”, frisa.