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Unipar sedia 1º Congresso Estadual sobre Autismo
Publicado em: 10/04/2018 às 16:00
À frente das palestras esteve a autora de Lei Federal – carta magna dos direitos dos autistas, Berenice Piana, e outros profissionais da saúde e educação
A Universidade Paranaense – Unipar sediou o 1º Congresso Estadual sobre Autismo, realizado em Cascavel, na última semana (de 4 a 6/4). Bastante esperado pela comunidade de toda a região, o evento é uma parceria do deputado estadual Márcio Pacheco, Associação de Mães dos Autistas de Cascavel e Unipar, contando, ainda, com outros apoiadores.
A palestra de abertura trouxe a ativista, mãe de autista e autora da Lei Federal (nº 12.764 no 28/12/2012) - que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos das Pessoas com TEA (Transtorno do Espectro do Autismo), Berenice Piana. Sua fala visou esclarecer para as famílias os direitos do autista, a saga da Lei Berenice Piana e a situação de quem enfrenta o problema no Brasil. Apresentou implicação do autismo há 20 anos e hoje, apontando soluções.
A primeira noite teve também a participação da psiquiatra Júlia Saito. O foco da palestra foi inteirar sobre o que é autismo, características clínicas e teorias que ajudam a compreender o transtorno. Também apresentou casos clínicos de crianças com autismo (1 ano de idade) e alertou para a função do posto de saúde, olhar do professor para a criança e o papel da psiquiatria. “A ideia é desmistificar quem são as pessoas com TEA, como se comportam, quais são seus desafios e talentos”, explanou.
Quanto aos sintomas para diagnóstico, a psiquiatra explicou que precisa ter alterações na comunicação, na interação social e apresentar padrão de comportamento e de interesse restritos e repetitivos, que comprometa o funcionamento social e educacional.
Para compartilhar experiência, também foi convidada a terapeuta ocupacional Joelma Alkmin, que falou sobre os desafios no cotidiano das famílias nos casos mais graves de autismo. A profissional pontuou as dificuldades e prejuízos no desenvolvimento da criança; quanto às habilidades funcionais, diferenciou os graus do autismo e necessidades de apoio.
“Há o desafio do diagnóstico de autismo e diagnóstico das comorbidades, sendo fundamental refletir quanto e quais suportes são necessários para o desenvolvimento da pessoa e quais preparos são imprescindíveis à rede de apoio para atender essa demanda”, disse.
Também subiu ao palco da Unipar, o psicólogo Marcos Diel, que abordou a temática: manejo comportamental de pessoas com TEA. Psicólogo clínico e na APAE (Associação de Pais de Amigos dos Excepcionais), Diel destacou a importância da observação e compreensão dos comportamentos do paciente, estimando o apego do terapeuta aos detalhes e à narrativa do sentimento, compreendendo o grau dos sintomas e auxiliando na construção de pilares para o crescimento do sujeito.
“É necessário desenvolver o processo criativo todos os dias, reconhecer o sofrimento instalado e saber que todos têm habilidades cognitivas e não devem ser tratados como crianças para o resto da vida, pois crianças crescem”, frisou.
Para compreender o autismo sob um olhar neuropsicopedagógico, o evento recebeu a neuropsicopedagoga Juliana Pinheiro, que explanou o conceito dessa ciência e seus três importantes aspectos: científico, emocional e pedagógico.
“Não há criança que não aprenda. Tudo é aprendizagem e todo processo de aprendizagem deve considerar estímulo, ambiente adequado e motivação”, disse. A palestrante também justificou porquê a criança se bate, tampa os ouvidos, puxa pelas mãos, grita ou morde.
Com a disposição desses profissionais e disseminação de informações, o evento cumpriu sua meta de começar a falar sobre o autismo na cidade de Cascavel de maneira mais abrangente, mobilizando para a amplitude do transtorno e incentivando avanços e pesquisas, novas políticas públicas e implantação de uma rede de serviços de qualidade.
O diretor da Unipar Cascavel, professor Gelson Uecker, compôs a mesa de honra do evento e destacou o compromisso da Universidade com a educação de qualidade, tendo formado profissionais com necessidades especiais. “A Universidade tem o necessário para essa formação, isso é direito, mas também é dever das escolas que se dizem comprometidas com a inclusão. Temos aqui o Piae (Programa Institucional de Atenção ao Estudante), com pedagogo e psicólogos que definem, em equipe, a partir de um encaminhamento médico, como o aluno deverá fazer para dar continuidade dos estudos, obter conhecimento e concluir seu curso”, afirmou.
O encerramento do Congresso aconteceu na sexta-feira (6) com mesa-redonda. Participaram o neurologista e neuropediatra Talvany de Oliveira, a psiquiatra Júlia Saito, a neuropediatra Juliana Pavefi, o pediatra e presidente da Associação Médica de Cascavel, Jorge Luiz dos Santos, e os pais de portadores de TEA, senhores Vinicius Fontanela e Cláudia Gallert. Compuseram a mesa-redonda o psicólogo Marcos Diel e a terapeuta ocupacional Joelma Alkmin.