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NOTÍCIA

Unipar no APL: Plantas medicinais abrem caminho para uma cadeia produtiva

Publicado em: 13/06/2017 às 16:00

Primeira colheita já aconteceu e aponta sucesso nos investimentos

Capuchinha, primeira opção produzida em larga escala, em Umuarama; colheita já começou

(Reportagem: jornal Umuarama Ilustrado)

Na busca de montar uma rede de promoção à saúde, pesquisa e economia, representantes da Universidade Paranaense (Unipar), Prefeitura Municipal e Associação de Produtores de Umuarama, com aporte do Governo Federal, idealizaram o Arranjo Produtivo Local de Plantas Medicinais e Fitoterápicas (APL). O projeto deu mais um passo nesta semana com a primeira colheita das plantas medicinais na região da Área de Proteção Ambiental do Rio Piava (APA).

Professor do mestrado em Plantas Medicinais da Unipar e presidente da Sustentec (Produtores Associados para Desenvolvimento de Tecnologias Sustentáveis), Euclides Lara Cardoso Júnior, conta que o APL nasce com a proposta de criar uma cadeia produtiva de plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos na região. Ele explica que em 2015 Umuarama encaminhou um edital para o Mistério da Saúde e a cidade foi contemplada com recursos para implantar tal cadeia produtiva, que engloba produção agrícola, transformação de produtos e promoção da saúde nas Unidas Básicas. 

O projeto é audacioso e tem como exemplos cidades como Toledo e Pato Bragado, onde existe algo semelhante há mais de cinco anos. “É uma cadeia. Não pensamos só na prescrição e consumo, mas também na produção, processamento, pesquisa científica e industrialização. Tudo começa no agricultor que vai produzir as plantas medicinais”, disse.

Na base da produção, inicialmente são seis agricultores integrados ao projeto, os quais começaram a colheita da primeira produção e que será entregue para a Cooperativa de Produtores Rurais de Umuarama. Conforme o agrônomo do município, Márcio Resende, por ser um projeto-piloto, cada produtor disponibilizou um hectare para plantar em sistema orgânico. “A meta é produzir dez tipos de plantas medicinais em Umuarama”, ressaltou o agrônomo. 

Todas as propriedades dos seis agricultores estão dentro da APA do Rio Piava e a ideia é gerar diversidade e renda para os pequenos produtores locais. Tercilio Dada é um dos integrados do APL; ele defende que na pequena propriedade é importante diversificar. “Temos que procurar diversificar a pequena propriedade, então assumi esse desafio. Estamos trabalhando para dar certo e a primeira colheita vai ser essa semana”, frisou o agricultor. 
Com o início da colheita, o processo do APL começa a caminhar. “Queremos montar uma farmácia de manipulação entre Unipar e Secretaria Municipal de Saúde, onde vai ocorrer a manipulação e a produção desses medicamentes fitoterápicos; já foi iniciada, também, a capacitação dos profissionais da Saúde, pois parte dessa produção será usada em todas as Unidades de Saúde do Município. Outra ação é também orientar a comunidade para o uso correto das plantas medicinais”, explicou.

Parte da produção será distribuída aos pacientes em forma de chás para sintomas mais leves, como resfriados, mas o auge do projeto é a transformação das plantas em medicamentos fitoterápicos, que também serão usados pela população local. “Em Toledo o projeto tem mais de cinco anos; os resultados lá foram bons: o município economiza com recurso, cria uma cadeia produtiva regional e promove saúde. Desta forma as riquezas permanecem na região”, diz o professor Lara.

Mercado - Técnica da Sustentec e aluna do mestrado de Plantas Medicinais, Rosana da Matta, conta que entre 2013 e 2015 a busca por plantas medicinais e fitoterápicos no Sistema Único de Saúde (SUS) dobrou, crescendo 161%. Há três anos, cerca de seis mil pessoas procuraram alguma farmácia de atenção básica para receber os insumos; no ano passado essa procura passou para quase 16 mil pessoas. “Neste primeiro momento vamos processar essas plantas, mas futuramente vamos ter essa estrutura aqui em Umuarama”, falou.

Plantas Medicinais mudam a vida de agricultores, no Oeste

Produtores de Vera Cruz do Oeste e agentes da prefeitura de São Pedro do Iguaçu conheceram em Umuarama o início do Arranjo Produtivo Local de Plantas Medicinais e Fitoterápicas. Em Vera Cruz do Oeste a cidade conta com um projeto semelhante, com apoio do governo federal e municipal e caminha há quatro anos. Entre os visitantes, o jornal Umuarama Ilustrado entrevistou Giomar Maria de Santana Neves, agricultora e presidente da Cooperativa Gran Lago, de plantas medicinais. 

Giomar é um símbolo de luta pelos produtos orgânicos e as plantas medicinais na sua região. Em 2007 a agricultora foi intoxicada por agrotóxico, que aplicava em uma lavoura de algodão e em meio ao problema também descobriu que estava grávida. “Foram dias difíceis. Tive muito medo, não acreditava que o veneno poderia me intoxicar e até matar”, lembrou. 

Vivendo na pele o poder maligno do agrotóxico, Giomar e a família mudaram de hábitos e de cultura, começando uma nova vida. “Decidi abandonar tudo o que achava que era certo e comecei a trabalhar com orgânicos; minha vida mudou, não vamos mais ao médico. Temos uma vida saudável. E ao perceberem isso, meus vizinhos agricultores também decidiram participar desse sistema”, contou. 
Do orgânico chegaram às plantas medicinais. Ela conta que teve que batalhar para achar mercado: começou a passar em feiras, visitar cidades, como São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, quando as empresas começaram a aparecer para comprar a produção. “Tivemos apoio do Fundo Municipal da Saúde, pois até abrir o caminho para a comercialização não foi fácil”, enfatizou. 

Hoje a Cooperativa Gran Lago conta com 43 famílias integradas e produz mais de 30 tipos de plantas medicinais. “Falta produto no mercado; as empresas maiores querem uma grande quantidade de produtos. Então aqui, para funcionar, tem que ter apoio do município, pois mercado existe”, opinou.

 

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