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Psicologia e História encabeçam diálogos sobre cultura do estupro
Publicado em: 10/10/2016 às 15:40
Evento foi organizado pelos Centros Acadêmicos dos cursos e reuniu professores, alunos e líderes de movimentos, em salas de discussões
‘Como assim cultura do estupro?’. Há poucos dias, a Universidade Paranaense – Unipar, Unidade de Cascavel, abriu espaço para a reflexão e problematização de questões relacionadas a este tema. O evento foi organizado pelos Centros Acadêmicos de História e de Psicologia, em parceria com a Cia de Teatro Hierofânico.
Professores da instituição, acadêmicos e lideranças de movimentos feministas conduziram os diálogos e promoveram as discussões. O evento foi aberto ao público, contando com o prestígio de acadêmicos, integrantes do coletivo feminista ‘As Benditas’, professores e convidados.
À frente dos trabalhos, o presidente do Centro Acadêmico de História, Jeferson Wruck, afirma que a sociedade se desenvolveu em vários aspectos, porém no que tange ao respeito às mulheres ainda guarda traços arcaicos: “Nosso modelo de civilização foi moldado por uma cultura misógina, que inferioriza a mulher de várias formas, desde a violência doméstica de um marido agressivo até a desvalorização do feminino no mundo do trabalho, evidenciado pelos salários menores pagos às mulheres, entre outras situações”.
Também lembrou o caso recente de estupro coletivo de uma jovem por 33 homens, no Rio de Janeiro, que levou a mídia a repercutir fatos relacionados ao tema. “Tentativas de desqualificar o caso como violência trazem à tona os fortes traços misóginos de nossa sociedade”, exemplifica o estudante.
Quanto ao objetivo, a presidente do Centro de Acadêmico de Psicologia, Vanessa Marques Luiz, justifica que a ideia foi promover um espaço onde todos pudessem se expressar e construir o conhecimento uns com os outros, partindo de uma análise histórica de como surgiu a denominada cultura do estupro e seus impactos psicológicos na vida do sujeito. “Entendemos que essa cultura não é natural, mas uma construção social, que surgiu e se sustenta para manutenção do atual modelo social, portanto, tal cultura é passível de desconstrução”, pontua.
Também salienta que a Universidade é um ambiente a propiciar formação ao sujeito, não apenas nas áreas específicas da profissão escolhida, mas também a desenvolver consciência cidadã, por meio de ações que despertem uma postura ética e política nos acadêmicos. “O assunto abordado é relevante, visto que há grande polêmica e até certo tabu, sendo necessária a promoção de espaços que permitam a discussão e a superação de pensamentos que violem, diminuam ou menosprezem o outro. O foco é que essa abordagem não se limite à discussão, mas que seja o princípio da mudança, para que se possa pensar novas práticas e novos modos de se relacionar”, apoia Vanessa.