Saúde mental: Ex-aluna de Psicologia realiza trabalho em aldeia indígena
Publicado em: 28/09/2016 às 16:20
Sara Stuber atua com a prevenção e promoção da saúde na terra indígena Rio das Cobras, com a população Kaingang e Guarani Mbya
Concursada pelo município de Nova Laranjeiras/PR, uma egressa do curso de Psicologia da Universidade Paranaense – Unipar, Unidade de Cascavel, atua em um novo campo de trabalho - uma aldeia indígena. Há sete meses a psicóloga Sara Stuber trabalha em Rio das Cobras, com a população Kaingang e Guarani Mbya.
Sua prática está voltada à prevenção e promoção de saúde e redução de danos, sendo o trabalho realizado em parceria com as enfermeiras da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena). “Nosso foco no momento é a redução do alcoolismo, outras drogas e violência, já que, em um levantamento que fizemos, vimos que 10% da aldeia indígena são alcoolistas”, relata a psicóloga.
Como forma de prevenção, a profissional, com a equipe de saúde, realiza palestras nas escolas, visitas e orientações nas casas das famílias onde reside um alcoolista, e também media grupos de alcoolistas.
O atendimento é desafiador. Conforme análise da psicóloga, a maior dificuldade é a compreensão da língua e cultura dos índios. “Por ser um trabalho novo não há registros bibliográficos com foco na atuação psicológica em outra cultura, principalmente nas aldeias indígenas do sul do Brasil”, ressalta Sara.
Também enaltece que, como o trabalho é realizado com dois povos diferentes, cada um tem sua cultura, o que difere muito um povo do outro: “A forma de trabalhar precisa ser diferenciada também. Os grupos são separados por etnia”.
Ela diz que a equipe de saúde conta com auxílio de um tradutor, pois os jovens falam o português fluente, já os mais velhos têm muita dificuldade em falar e compreender o português. “Temos que usar uma linguagem mais simples e gestos, para facilitar a comunicação; para conhecer o indivíduo é importante nos adaptar a cultura trabalhada, postura corporal, fala e comportamento”, esclarece.
Para que haja uma melhor aproximação da realidade indígena, a estudiosa conta que recorre a livros de alguns historiadores, como Lucio Tadeu Mota, facilitando a compreensão e convívio com o povo, podendo, assim, não interferir na cultura e promover a saúde física e mental.
A demanda não estava em edital, mas faz parte de um acordo entre a prefeitura e um cacique, buscando a melhor qualidade de vida da população da terra indígena Rio das Cobras, que é subdividida em sete pequenas aldeias e grupos familiares.