Pesquisa revela eficácia da homeopatia no combate ao carrapato bovino
Publicado em: 08/07/2016 às 15:00
Desenvolvido pelo pesquisador Ranulfo Piau Junior, estudo foi realizado com animais do Hospital Veterinário
Regiões de clima tropical e subtropical, como o Brasil, oferecem condições favoráveis ao desenvolvimento do carrapato, parasita que atinge em torno de 75% da população bovina mundial, afirmam especialistas da área. Quando infestado pelo carrapato, o animal pode sofrer sérias consequências, como perda de peso, baixa conversão alimentar, redução da taxa de natalidade, redução da produção da carne e leite, depressão na fertilidade, toxicoses, lesões de pele, anemia, transmissão de patógenos que provocam graves enfermidades e até a morte.
Por ser um parasita de difícil controle, produtores são obrigados a investir em produtos químicos e em medidas preventivas e de tratamento dos animais, o que muitas vezes não resolve. Como a região de Umuarama abriga o maior rebanho bovino do Estado, os custos com o controle são ainda maiores.
Com 20 anos de história e mais de 750 profissionais formados, o curso de Medicina Veterinária da Universidade Paranaense também tem a preocupação de desenvolver estudos científicos que visem a uma melhor qualidade de vida dos animais, tanto dos pequenos, como os de grande porte. E um deles foi justamente para encontrar alternativas que ajudem os produtores no combate ao carrapato. Trata-se de uma pesquisa que utiliza um complexo homeopático parasitário no combate ao carrapato bovino, desenvolvida pelo professor do curso, Ranulfo Piau Junior, doutor Biomedicina pela Universidad de León/Espanha.
“Nossa proposta foi avaliar a eficiência deste complexo no controle da infestação do parasita; para isso utilizamos no experimento 14 bezerras da raça holandesa, com idade de 12 meses, divididas em dois grupos: o primeiro grupo recebeu diariamente 20g do complexo adicionado de ração por 60 dias; e o segundo recebeu somente ração”, explica o pesquisador.
Segundo ele, uma das grandes vantagens da pesquisa com produtos homeopáticos é a de que não deixam resíduos, ou seja, pode-se utilizar o leite e a carne do animal sem preocupação. “Eles não provocam efeitos colaterais, não intoxicam os animais, não contaminam o meio ambiente, reduzem custos e, o melhor de tudo, podem ser usados na produção de produtos orgânicos, o que valoriza a nossa qualidade de vida”.
O produto homeopático interfere no ciclo do carrapato (parasita), diminuindo sua infestação, explica o pesquisador. “Já nos primeiros 30 dias de experimento, no grupo que utilizamos a suplementação oral à base do complexo homeopático parasitário, percebemos um efeito significativo no controle da infestação com o carrapato; houve uma redução de 39% no número de fêmeas infestadas, enquanto que no outro grupo, no mesmo período, teve um aumento de 46%”, comemora Ranulfo, afirmando que a conclusão do projeto foi excelente.
“O resultado revela que conseguimos reduzir o número de carrapatos nos animais tratados no Hospital Veterinário; consequentemente diminuiu também a taxa de eclosão dos ovos dos carrapatos in vitro”, acrescentou.
O resultado do projeto foi tão satisfatório que o pesquisador da Unipar está escrevendo um artigo sobre a pesquisa para ser publicado em um períodico científico internacional, o The African Journal of Traditional, Complementary and Alternative medicines. “E o trabalho não para por aqui; vamos continuar pesquisando formas de combater o carrapato, mas desta vez utilizaremos óleos essenciais da planta araçandiba”, avisa o docente, que conta com auxílio de estudantes nos trabalhos de campo.