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Evento discute uso de fitoterápicos e as experiências bem-sucedidas na região
Publicado em: 01/04/2016 às 09:50
Organizado pela Regional de Saúde em conjunto com a Unipar, contou com o apoio da prefeitura de Toledo; palestra, mesa-redonda e visitas técnicas fizeram parte da programação
O incentivo ao uso de fitoterápicos no tratamento de doenças, expandindo a experiência de Toledo para outros municípios da região, foi o principal objetivo do 1º Encontro de Plantas Medicinais e Fitoterápicos da 20ª Regional de Saúde, aberto na terça-feira, 29, no auditório da Universidade Paranaense (Unipar), em Toledo.
O evento, organizado pela Regional de Saúde em conjunto com a Unipar e com o apoio do município, começou pela manhã, estendeu-se com palestras durante todo o dia, e continuou na quarta-feira, com visitas técnicas pela manhã e tarde.
Os representantes dos municípios conheceram o projeto desenvolvido em Pato Bragado e a Farmácia de Manipulação, Central de Feridas, no Jardim Coopagro, e o Projeto Florir Toledo, de plantio de plantas medicinais, os três em Toledo. Na terça-feira à noite também foi realizada a aula magna, marcando o início das atividades do curso de mestrado em Plantas Medicinais e Fitoterápicos na Atenção Básica, que será ofertado pela Unipar na Unidade de Toledo e na sede, em Umuarama.
Toledo já desenvolve um trabalho há mais de 20 anos de incentivo à utilização de plantas medicinais para o tratamento de determinadas doenças. Nos últimos anos, graças ao incentivo do Ministério da Saúde, que repassou recursos, e o envolvimento de outros parceiros, como a Unipar, o projeto cresceu e está se expandindo.
“Recebemos do Ministério da Saúde R$ 600 mil em 2012, aplicados em 2014, e temos liberados outros R$ 500 mil de 2015, que estão sendo aplicados neste ano no projeto”, explica a diretora do Departamento de Assistência Farmacêutica, Fabiana Trento.
Os investimentos possibilitaram a implementação de um Arranjo Produtivo Local para a produção dos medicamentos, além do processamento na Farmácia de Manipulação. Para o tratamento de doenças, como depressão, pré-diabetes e hipertensão leve são utilizados chás e cápsulas de medicamentos de diferentes ervas medicinais, explica ela. Toledo também conta com um importante trabalho na Central de Feridas, utilizando a calêndula como cicatrizante na recuperação dos pacientes.
Fabiana destacou a importância da Unipar nesta parceria, pois fornece o suporte técnico e os profissionais e acadêmicos que auxiliam no acompanhamento de todo o processo. “O curso de mestrado, que está sendo implantando, é fruto deste trabalho; para as 10 vagas existentes, temos um total de 30 inscritos”, comemorou o professor do curso de Farmácia, Euclides Lara Cardozo Júnior, que acompanha o projeto de perto.
Segundo ele, existe um interesse muito grande e um longo caminho a ser percorrido. Embora Toledo tenha avançado bastante, outros municípios poderão crescer a partir do trabalho que vem sendo feito em Toledo e alguns outros municípios, incentivando o resgate do uso de plantas medicinais no tratamento de diversas doenças. Além de Toledo, Pato Bragado, Vera Cruz do Oeste e Foz do Iguaçu desenvolvem um trabalho de incentivo ao uso de fitoterápicos no tratamento de doenças e suas experiências estão sendo mostradas no encontro.
A Unipar, acrescentou ele, cumpre neste processo o seu papel de agente fomentador do conhecimento, apoiando, capacitando os profissionais, fornecendo e acompanhando os estagiários que atuam na Farmácia de Manipulação e nas Unidades de Saúde, produzindo e orientando sobre o uso correto dos medicamentos fitoterápicos.
A experiência de Toledo, ressalta ele, já é reconhecida nacionalmente, através de projeto premiado em evento nacional no ano passado, que reafirma o status do município como um dos melhores projetos de assistência farmacêutica. Além disso, reforça que o curso de Mestrado da Unipar vem ao encontro dos objetivos deste trabalho, abrindo a possibilidade de novas pesquisas na área.
Conforme a diretora do Departamento de Assistência Farmacêutica, Fabiana Trento, a aceitação ao uso de medicamentos fitoterápicos é muito grande pela população, que adere e responde muito bem ao tratamento. Ela observa também que entre os profissionais da área de saúde a aceitação é positiva, prescrevendo para o uso destes medicamentos, nos casos em que o protocolo de atendimento permite.
Capacitação é fundamental para incentivar o uso
Na abertura do evento, o diretor geral de Saúde, Fernando Pedrotti, destacou a importância do envolvimento dos parceiros do projeto e ressaltou que ele tem boa aceitação entre os profissionais da área médica, “apesar de alguns ainda terem um certo receio até por falta de formação específica”.
Ele considera fundamental esta capacitação e eventos realizados na Unipar, pois são importantes para difundir o seu uso e incentivar a busca de novos conhecimentos. “Precisamos avançar ainda mais, precisamos fazer a capacitação clínica dos profissionais; a aceitação do tratamento entre a população é muito boa e maior é o nosso encantamento quando temos a resposta positiva ao tratamento”, reforça.
A chefe da 20ª Regional de Saúde, Denise Liel, manifestou a sua satisfação em receber representantes de diversos municípios, inclusive de outras regionais de Saúde, e destacou a importância de conhecer as experiências exitosas em andamento no tratamento de doenças com plantas medicinais.
Segundo ela, este foi primeiro de vários encontros que deverão ser realizados para difundir a proposta, que tem em sua essência a promoção da saúde, meta que deve ser seguida pelos órgãos públicos de saúde: “É uma política que deve ser expandida cada vez mais, já que o Paraná está se tornando referência na assistência farmacêutica na atenção básica; precisamos capacitar os nossos profissionais e articular e desenvolver ações de referência para a utilização de plantas medicinais e fitoterápicos”.
A programação na terça-feira contou com relatos de experiências e uma palestra com Kátia Regina Torres, da equipe gestora do Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos do Ministério da Saúde, sobre os dez anos de política nacional de plantas medicinais e fitoterápicos.
À tarde foi realizada uma mesa-redonda com o tema ‘Desafios para a implantação da fitoterapia na assistência farmacêutica e na atenção básica’ e à noite aconteceu o lançamento do programa de mestrado em Plantas Medicinais e Fitoterápicos na Atenção Básica, com aula magna ministrada pela professora Thereza Christina Monteiro de Lima, coordenadora do programa de pós-graduação em farmacologia pela Universidade Federal de Santa Catarina. Na quarta-feira, foram realizadas visitas técnicas em Toledo e Pato Bragado, visando conhecer as experiências em andamento.