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NOTÍCIA

Hospital Juquery é assunto na Aula Magna de Psicologia e Enfermagem

Publicado em: 21/03/2016 às 10:42

Memórias de Walter Farias em hospital psiquiátrico vira livro, escrito por Daniel Navarro Sonim; ambos palestraram na Unipar

Daniel Navarro e Walter Farias no auditório da Unipar
Turmas interagem em aula inaugural
Convidados autografam obra para estudantes
Convidados autografam obra para estudantes
Apresentação cultural abrilhanta abertura de evento
Professores posam com os palestrantes
Docentes dos cursos mediam mesa de bate-papo
Coordenadoras abrem evento e apresentam convidados

A Universidade Paranaense – Unipar recebeu recentemente Walter Farias e Daniel Navarro Sonim, para a Aula Magna Integrada dos cursos de Psicologia e Enfermagem, da Unidade de Cascavel. Memória viva do cenário de saúde mental no Brasil, Farias é um ex-funcionário que se tornou paciente de um dos maiores hospitais psiquiátricos do país, o Juquery, em Franco da Rocha/SP.

Ele trabalhava no manicômio judiciário como auxiliar de enfermagem e adoeceu. No percurso, após ser considerada sua evasão do hospital, conheceu Sonim, jornalista responsável pela publicação de suas memórias, organizadas no livro O Capa-Branca.

No bate-papo, os convidados fizeram um apanhado histórico do Asylo de Alienados do Juquery, inaugurado pelo psiquiatra Francisco Franco da Rocha, em 1895. Segundo levantamento, o complexo hospitalar agrupava mais de 30 mil internos, uma população diagnosticada com comportamentos agressivos ou catatônicos.

No diálogo, também exploraram sobre o incêndio no Juquery, em 2005, e as formas de tratamento aos pacientes: camisa de força, banhoterapia, malariterapia, coma insulínico, ECT e lobotomia. “Quem não estava louco, ficava”, disse Farias, que comparou o local a um campo de concentração.

Na época, o funcionário ouviu de um psiquiatra: “sugiro o seu internamento, você não está bem”. Mesmo concordando que se sentia mal, Farias explica a sua loucura: “Eu não concordava com o que acontecia, assim, virei incapaz, virei louco, e aprendi a conviver com a dor. A minha preocupação era saber - hoje eu vou ser torturado? Vão me machucar?”.

Também relatou que, enquanto funcionário, nunca viu um paciente ser levado para falar com um psicólogo e, enquanto paciente, sentiu a falta de conversar com um: “Nunca vi ninguém ser atendido por um deles, pois esses profissionais ficavam em gabinetes. Já os enfermeiros, os pacientes tinham medo, pois eram eles que ministravam a medicação; não tinham a cabeça para pensar que quem manda é o médico”.

Trazendo para a atualidade, elogiam-se os progressos nos serviços de atenção psicossocial e a preocupação com a humanização no atendimento, contudo, ainda há muito para avançar nas práticas e nas políticas públicas. Também enfatizou a importância da valorização do profissional da saúde.

“Fala-se de luta antimanicomial, mas da década de 1980 para cá não ouvi falar da criação de novos hospitais psiquiátricos pelo governo”, destaca Farias, argumentando que ainda acha importante a hospitalização em casos de saúde mental, mas em outros moldes. “No princípio, o intuito era limpar a rua e não podemos retroceder e reconstruir um depósito de louco”, complementou Navarro.

Quando saiu do Juquery, seu alicerce foi a música, iniciando um novo trabalho com jovens do Franco da Rocha interessados em música. “Sem o apoio dessa juventude eu não estaria aqui”, afirmou.

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