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Francisco Beltrão: Professor lança livro que retrata escravidão nos campos de Palmas
Publicado em: 20/08/2015 às 16:30
O lançamento da obra e palestra do autor fizeram parte da abertura do 9º Fórum Pedagógico e do Egresso do curso de História
O curso de História da Universidade Paranaense (Unipar), Unidade de Francisco Beltrão, fez na noite de quarta-feira, 19, a abertura do seu 9º Fórum Pedagógico e do Egresso. O tema deste ano é “A Pesquisa e o Ensino em História: Duas Faces de um Mesmo Território”.
Na primeira noite, os participantes acompanharam o lançamento do livro "O Sertão e o Cativo: escravidão e pastoreio. Os campos de Palmas-PR, 1859 – 1888” e uma palestra com o autor, professor José Lúcio da Silva Machado. Na quinta-feira o assunto discutido foi: "Os desafios do ensino de história na escola contemporânea" e na sexta-feira, no encerramento, aconteceu a Amostra de "pesquisas em andamento" com exposição de trabalhos dos acadêmicos da pós-graduação.
O professor Odair Geller, coordenador do curso de História, disse que o objetivo é reunir a comunidade acadêmica, junto com egressos, para discutir novas teorias sobre o ensino de História. O evento coincidiu com o Dia do Historiador, 19 de agosto. “Comemoramos a data, mas lamentando o fato de o projeto de lei que regulamenta a profissão ainda não ter sido aprovado”, comenta.
A proposta, que está tramitando no Senado Federal, permite o exercício da profissão a quem tenha diploma de curso superior em História, de mestrado ou doutorado em História ou que tenha linha de pesquisa dedicada à História; ou aos diplomados em outras áreas que tenham exercido a profissão de historiador há mais de cinco anos, a contar da publicação da lei.
Segundo o texto, apenas os profissionais com diploma na área poderão dar aulas de História nos ensinos fundamental e médio, desde que seja cumprida a exigência da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB - Lei 9.394/96) quanto à obrigatoriedade da licenciatura.
A regulamentação é uma luta de mais de 25 anos. Segundo Odair, a profissão está em ascensão e estudar História não significa mais ter como destino a sala de aula: “Em virtude das novas opções do mercado de trabalho, uma delas que tem gerado boas expectativas é a de consultoria na área de legislação histórica”.
Escravos nos campos de Palmas
O trabalho de pesquisa do professor José Lúcio faz parte da dissertação de mestrado e virou um dos livros da coleção Malungo, que já tem mais de 20 obras sobre o tema escravidão no Brasil. O livro retrata a escravidão nas áreas de criação de gado nos campos de Palmas, no século 19. Ele buscou informação no Fórum de Palmas, no tabelionato e nos arquivos da Igreja. “A ideia foi investigar qual a contribuição da população escravizada para a construção da sociedade palmense”, mencionou.
Os documentos oficiais apontam a existência de cerca de 300 escravos entre 1859 e 1888, mas o número pode ser maior. Os campos de Palmas foram uma expansão dos campos de Guarapuava por volta de 1836. Os escravos chegaram ao Sudoeste do Paraná junto com as primeiras expedições.
José Lúcio se baseou nos inventários dos fazendeiros da época, pois os trabalhadores escravos eram relacionados como bens, por meio dos contratos de compra e venda, doação, penhora por dívida e alforria. Eles trabalhavam basicamente no pastoreio do gado, a maioria do sexo masculino, registrados como cativos campeiros, ou seja, o peão de fazenda escravizado, com média de idade de até 20 anos, sendo que começavam muito cedo na lida, por volta dos seis anos de idade.
“Uma das coisas que me surpreendeu é que aqui em Palmas existiam fazendas com mais de mil cabeças de éguas que eram cruzadas com burros, ou seja, estavam promovendo a produção de mulas que eram enviadas a São Paulo e dali para outras regiões do país.” Palmas tem três comunidades Quilombolas de descendentes de escravos. José Lúcio morou e lecionou na escola de uma dessas localidades, por isso se sentiu instigado a fazer essa pesquisa.