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Francisco Beltrão: Estudo revela dados preocupantes sobre saúde dos adolescentes
Publicado em: 26/07/2013 às 11:20
Dos 900 estudantes pesquisados, 49,3% apresentaram pelo menos um fator de risco cardiovascular
A Universidade Paranaense - Unipar, Unidade de Francisco Beltrão, está divulgando os resultados de um importante projeto de pesquisa, desenvolvido entre os anos de 2011 e 2012 com estudantes da rede pública, de ambos os sexos, com idades entre 11 e 17 anos. Professores e estudantes investigaram a prevalência da ‘Síndrome Metabólica’, caracterizada pela associação de fatores de risco para doenças cardiovasculares.
Entre os fatores estão intolerância à glicose; hipertensão arterial; níveis altos de colesterol ruim (LDL) e baixos do colesterol bom (HDL); níveis de triglicérides aumentados; e obesidade, especialmente obesidade central (aquela na região do abdômen em adolescentes). Além disso, buscou-se verificar a prevalência isolada de cada um dos fatores de risco cardiovascular.
O resultado revelou um quadro muito preocupante. Dos 900 adolescentes pesquisados, o estudo apontou a prevalência da ‘Síndrome Metabólica’ em 5,4%. “Os dados são alarmantes para um município do porte de Francisco Beltrão, tendo em vista que a literatura internacional descreve uma prevalência entre 4,2% (National Institutes of Health, 2002) e 8,4% (World Health Organization, 2004)”, alertou a professora do curso de Educação Física, Durcelina Schiavoni Bortoloti, que coordenou o projeto.
O estudo, que teve duração de dois anos, foi patrocinado pela Unipar e contou com apoio de uma equipe multidisciplinar formada por oito professores e 20 estudantes dos cursos de Educação Física, Nutrição, Enfermagem e Farmácia, todos bolsistas do PIC (Programa de Iniciação Científica).
A professora ressalta que para fins estatísticos os resultados englobam 683 adolescentes — que realizaram todas as avaliações propostas. "A amostra populacional mínima de adolescentes do município deveria ser de 664 estudantes, ou seja, todos os resultados encontrados apresentam relevância científica", afirma.
Dados preocupantes
Como fator de risco associado a essa patologia, o sobrepeso e a obesidade foram os que mais se destacaram, visto que os adolescentes com peso acima do adequado para a idade apresentaram seis vezes mais chances de desenvolver a ‘Síndrome Metabólica’ em relação àqueles com peso normal. Outro dado revelado no estudo foi que 49,3% dos pesquisados apresentaram pelo menos um fator de risco cardiovascular e 16,2% dois fatores. Outra informação obtida é que 32,4% apresentou valores de pressão arterial elevada para a idade; 44,7% tinham valores de HDL (colesterol bom) abaixo do recomendado; 18,6%, triglicerídeos aumentados; 22% estava com peso acima do desejável para a idade; e 14,6% apresentou dados aumentados na circunferência de cintura (gordura na região abdominal).
Diante desses números, o grupo de pesquisadores irá desenvolver este ano um estudo intitulado ‘Efeito do exercício físico nos componentes da Síndrome Metabólica de adolescentes obesos’. O objetivo é reduzir os fatores de risco por meio de aulas de Educação Física específicas. O projeto será desenvolvido no Complexo Poliesportivo da Unipar e na primeira etapa atenderá adolescentes com idades entre 11 e 14 anos. Os voluntários serão submetidos previamente a uma bateria de exames de saúde e testes físicos e, em seguida, realizarão 12 semanas de exercícios físicos (três sessões semanais). Além disso, o grupo receberá semanalmente orientações nutricionais.
Projeto
Os interessados em participar do no novo projeto como voluntários poderão realizar inscrição até amanha, das 13h30 às 17h30, na Unipar (Av. Júlio Assis Cavalheiro, 2000, Francisco Beltrão). O critério para inscrição é: ter entre 11 e 14 anos, estar acompanhado de pais ou responsáveis e estar com o peso corporal acima do recomendado para a idade. Caso os pais tenham alguma dúvida em relação ao peso de seus filhos, será realizado um teste rápido para verificar o IMC (Índice de massa corporal) no momento da inscrição.
Dados são alarmantes, diz cardiologista
O médico cardiologista Roberto Castellani afirma que os dados revelam um panorama alarmante. Segundo ele, na maioria dos casos os fatores de risco estão ligados ao sedentarismo e à falta de exercícios físicos. "Os jovens, com raras exceções, querem ficar na frente do computador. A alimentação é a pior possível", ressalta, alertando que a correção precisa começar em casa, com supervisão dos pais, e continuar nas escolas. "É um estudo muito válido, que aponta dados acima da média mundial. Vamos esperar a publicação para ver que conclusões os pesquisadores chegam e saber quais políticas públicas podem ser adotadas para reverter este cenário", diz o médico. Ele argumenta também que uma série de fatores deve ser adotada para tratar não só a origem do problema, mas, principalmente, a prevenção.