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Cascavel: Aula Magna aborda o passado da cidade
Publicado em: 09/04/2010 às 15:47
Palestra, ministrada pelo economista e doutor em História, Vander Piaia, mostrou a Cascavel faroeste, que, com o passar dos anos, tornou-se rica e moderna
A história de Cascavel foi problematizada em Aula Magna, ministrada pelo Dr. Vander Piaia, para estudantes dos cursos de Moda, Administração, Ciências Contábeis e História da Universidade Paranaense – UNIPAR. ‘Terra, sangue e ambição’ foi o tema da palestra.
A diretora do Campus, professora Débora Venturin, abriu o evento, enaltecendo seu orgulho por ser cascavelense e lutar por esta terra. “A disseminação do conhecimento é um passo importante para a transformação da sociedade”, afirmou.
Apresentação cultural antecipou a palestra. Com sua banda, o estudante de História, Luiz Bráz, resgatou a cultura sul-americana. No repertório, músicas de autoria própria e interpretadas: ‘Políticas e desigualdades sociais’, ‘Verdades americanas’, ‘Disseminação da cultura sulista – do RS a Sorocaba’ e ‘Tropeiros’.
Para representar as turmas foi convidada a coordenadora de Administração, professora Suziméri Villas Boas, que justificou: “A integração das áreas de ciências sociais e humanas tem o firme propósito de ampliar conhecimentos e fomentar a maturidade, para o engajamento social e cultural. Que, conhecendo nossa história, consigamos analisar os acontecimentos de forma mais eficaz”.
Segundo o palestrante, que foi vice-prefeito de Cascavel, são poucos os trabalhos que mostram a dimensão dos fatos, a metodologia utilizada, os pontos obscuros da história e o porquê da criação de determinadas obras. Logo de início, o pesquisador induziu a uma reflexão: “A Cascavel moderna e rica tem algo a ver com o passado?”
“Não”, concluiu-se. De acordo com pesquisas, a cidade que brotou da colonização, atraiu homens de diferentes culturas e etnias, que morriam por disputas e terras. Na época, a economia sofria a extração da madeira e da erva-mate por estrangeiros. Como contou, neste período, Cascavel era confundida com território Paraguai ou Argentino.
“A intenção é mostrar o que há por trás dos fatos - sem fanatismo e nem acasos – além de possibilitar aos estudantes novas linhas de pesquisa”, diz o palestrante, que também questionou: “Por que, mesmo conhecida como a capital da violência, Cascavel cresceu tanto?”.
Nos anos 1950, as cidades circunvizinhas só aceitavam a entrada de colonos sulistas e com dinheiro. Segundo o palestrante, as terras eram vendidas com cobertura vegetal, madeira de lei, tornando os colonos ricos, com capatazes e amplos domínios, momento em que o caboclo, que desconhecia a lei, foi embora. Conforme estudo, em Cascavel, a situação era outra. “Não havia distinção de cor ou classe social e as terras eram devolutas do Estado, travando uma batalha entre indivíduos”, diz.
Cascavel se torna um faroeste. “Para os imigrantes era uma terra ingrata e sem respeito”, afirmou, diferenciando de Toledo, que, além de ter uma forte colonizadora (Maripá), pairava o espírito de comunidade.
Fotografias e mapas antigos ilustraram a palestra, que apresentou o Brasil desde 1904, época das revoluções - a coluna da morte, a batalha de Catanduvas, a gênese da coluna Prestes. “Os anos 1960 foram diferentes”. Segundo Piaia, a década foi marcada pela cultura do automóvel, baixo controle do governo, alargamento das avenidas (ganho arquitetônico), rebeldia da fronteira, criação das zonas de meretrício e a posse dos terrenos foreiros (ganhos), que ocasionou o incêndio da prefeitura por proprietários de escritórios. “Foi o início da modernização”.
Fatos provam que a mudança foi visível na década de 1980, quando o território foi ocupado por posseiros, jagunços, colonos, intrusos (de boa fé) e grileiros. Os patrimônios estavam formados e predominava o sustento pela agricultura e pelo comércio.
Para o acadêmico de Administração, João Oliveira Júnior, o debate é importante para que os cidadãos que constroem suas vidas ou criam vínculos em Cascavel, possam conhecer um pouco da história e almejar um futuro promissor. “Foi uma oportunidade para se abrir os olhos para a real história, escrita sob padrões rigorosos e força extrema e também ver de onde surgiram as famílias tradicionais”.