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Cascavel: Aula Magna de Moda reflete sobre a desconstrução do design
Publicado em: 10/06/2013 às 15:15
Christian Steagall-Condé falou sobre a revolução dos costumes, marketing, o ato de consumir e senso crítico
Os grandes centros da moda ditam cores, cortes e tendências. No Brasil, a arte evidenciada na Europa tem sido aguçada por profissionais do meio e em eventos do mundo fashion. Antenado, o curso de Tecnologia em Design de Moda da Universidade Paranaense – Unipar, Unidade de Cascavel, ousou em sua Aula Magna, trazendo para falar sobre ‘A desconstrução do design’ o arquiteto e urbanista, especialista em gestão do design, Christian Steagall-Condé, de Londrina.
Editor de uma das maiores revistas de modelismo do Brasil, a Hobby News, Steagall falou sobre as grandiosas e impactantes mudanças sociais iniciadas nos anos 6O, a Revolução dos Costumes. “Nunca é o mundo quem muda. O que denominamos de mundo é um ente abstrato, uma figuração usada apenas para organizarmos a escala planetária, fingirmos que entendemos um todo bem maior”, disse.
Segundo a afirmação do palestrante, “são as próprias pessoas que mudam o mundo, às vezes de forma isolada, porém, tão logo, mais e mais pessoas percebem um modo melhor de vida existencial, em alguns casos aderimos às novidades quase sem percebermos. É o próprio mecanismo da evolução, é uma Lei da Natureza”.
Em seu posicionamento, apresentou a ideia de que o marketing e a publicidade, entre outras ciências, muito sutilmente, manipulam o homem estética e emocionalmente, com o intuito de transformá-lo em mero consumidor de itens desnecessários para a existência.
“Consumidores todos nós somos. Agora, consumir conscientemente, é para poucos, pois requer estudo, percepção, senso crítico e uma observação atenta às múltiplas realidades, todos os dias, o tempo todo”, afirmou, atentando para a importância de promover o renascimento da crítica, que, segundo ele, está bastante em falta se observarmos as TVs, os jornais, a arquitetura, os costumes, a falsa religiosidade.
O palestrante aponta que a moda não é mais como há 20 anos, com origens em moldes, algo que se ajusta às necessidades, uma fôrma: “A moda está fragmentada e apenas as ‘maisons’ - griffes denominadas casas - produzem de cima para baixo. As ruas ditam o grosso das necessidades e, infiro, com essa quantidade formidável de mentes pensando e fazendo a moda; celebrarei com alegria o dia em que teremos uma nova classe de alfaiates, produzindo roupas para uma única pessoa, elaboradas com design específico e apropriadas às situações profissionais, familiares, estéticas, existenciais e históricas”.
O professor destaca que somos seres memoriais. “Dinheiro é energia, é um recurso escasso e raro. Podem-se amealhar fortunas, mas poucos conseguem viver bem. Alguns de nós não possuímos a capacidade de avaliarmos as escalas e as proporções das coisas e a nossa natureza pode achar que temos pouco. É aqui que o marketing pode nos seduzir, em direção ao que não somos, nem precisamos e, a moda, por focar em pessoas, deve ser responsável pelo equilíbrio, pois só temos essa única ‘maison’ para existirmos, porém, a quantidade de pessoas só aumenta”.
Após compartilhar seu conhecimento, o Steagall deixou algumas reflexões: “Estamos nos rumos certos nas nossas aspirações existenciais ou a vida só é vida se for só para ganharmos dinheiro? E a arte, onde fica em tudo isto? Com os europeus, os orientais e os norte-americanos, que realmente a valorizam e investem em seus artistas?”.