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O cenário era do Brasil de 1923, anos de revoluções e surgimento do maior meio de comunicação de massas: o rádio. Até a chegada da televisão, a radiodifusão informava, encantava e disseminava cultura. Seguindo os caminhos da “Era de Ouro do Rádio”, a Rádio Universitária Paranaense (RUP 107,7 FM), vinculada à Fundação Cultural Candido Garcia, mostra como é educar por meio da música.

Em tempos que as letras musicais se transformaram em trilhas de filme pornográfico regado à bebida alcoólica, a RUP oferece uma programação voltada para temas educativos, sociais e informativos. A estação usa todas as vertentes musicais para fins culturais.

“A Rádio segue na contra mão do comércio. Temos a missão de servir uma boa programação, com cultura, lazer, entretenimento e não esquecendo a parte pedagógica. Se toca de tudo na RUP, temos programa de música sertaneja, rock e até flamenco, mas sempre preocupados com a mensagem que essas músicas irão passar”, afirma o gerente operacional, Marcio Pato.

Ele ressalta que o “rádio é uma forma massiva de disseminação da educação, por isso temos qualificação musical, sempre visando o bem estar dos nossos ouvintes. Antes de escolher uma grade, pensamos: qual será a mensagem que chegará até a comunidade? Pois essa música vai influenciar no desenvolvimento da sociedade”.

A RUP também faz parte dos projetos de extensão do curso de Propaganda e Publicidade da Universidade Paranaense – Unipar, onde os estudantes realizam estágios e apresentam programas. “Temos a parte pedagógica, em que os estagiários colocam em prática o que aprenderam em sala de aula, no intuito de fomentar a cultura, principalmente a brasileira. Tocamos músicas internacionais, porém o foco é fazer um resgate da música do Brasil. Até estamos estudando novos projetos para trazer também a música regional”, disse a colaboradora Poliana Sperandio.

Além dos acadêmicos, a comunidade também pode participar da grade. “Os programas são montados dentro de um projeto com características e questão culturais. Podem ser feitos por qualquer pessoa da comunidade, basta apresentar um projeto coerente. Temos programas que relatam o desenvolvimento da cidade, meio ambiente, história da música e informativo, cada um dentro de um contexto”, explica Sperandio.

“Não podemos vincular alguns tipos de música pela qualificação. Trabalhamos com uma rádio educativa e, para isso, precisamos fazer uma triagem, pois temos uma programação diferenciada” acrescentou a colaboradora.

Era do Rádio A primeira transmissão de rádio no Brasil ocorreu no dia 7 de setembro de 1922, durante a inauguração da Exposição do Centenário da Independência, na Esplanada do Castelo. O público ouviu o pronunciamento do Presidente da República, Epitácio Pessoa, e a ópera O Guarani, de Carlos Gomes, transmitida diretamente do Teatro Municipal. Em 1926, foi inaugurada a Rádio Mairynk Veiga, seguida da Rádio Educadora, além de outras da Bahia, Pará e Pernambuco. A década de 30 marcou o apogeu do rádio, como veículo de comunicação de massa, refletindo as mudanças pelas quais o país passava. O auge ocorreu a partir dos anos 40, quando o país assiste o surgimento de ídolos, novelas e revistas que estampavam o meio artístico. Dessa época surgiram nomes como Mário Lago, Cauby Peixoto, Emilinha Borba, Paulo Gracindo, Janete Clair e muitos outros, que eram retratados na Revista do Rádio, de Anselmo Domingos.

Confira a programação da RUP:

Prosa e Viola - Com foco cultural e intuito de disseminar a boa musica sertaneja raiz. No comando e nas escolhas das músicas está Tião Madeira, nome reconhecido na cidade quando o assunto é viola caipira. Com jeito especial, Tião cativa os ouvintes e os remete aos tempos da moda de viola.

Marginália - O programa não possui um estilo de música ou uma linha de produção definida. A proposta é abrir lugar para aqueles artistas que não encontram espaço nas rádios convencionais e trazer à tona assuntos que envolvam artes, cultura e movimentos sociais. Além disso, a apresentadora Ana Ribas aborda assuntos sociais, culturais e políticos como cinema, poesia e movimentos artísticos.

Hits Universitária - Pensando nos jovens universitários que curtem os lançamentos da música pop, o programa é apresentado por João Gabriel. Com uma hora de música “dançante”, o programa apresenta as novidades musicais da semana.

The Blues is Alright - Nada como começar o dia ouvindo uma boa música no rádio. E esse programa tem o objetivo de levar aos ouvintes o melhor do blues no período matutino. Ao vivo, o apresentador Luis Felipe tece comentários interessantes sobre a história, curiosidades e noticias ligada a esse gênero, que vêm conquistando, a cada dia, o gosto de muitos ouvintes.

RUP Interativa - Interatividade é a palavra-chave que define este programa. Apresentado ao vivo, tem um perfil descontraído. Os ouvintes podem interagir por meio das redes sociais, pelo site e pelo telefone, pedindo e oferecendo músicas, enviando recados ou participando dos debates propostos pelos apresentadores.

Agenda Urbana - Cidade limpa e organizada depende de cidadãos que se preocupam em cuidar do meio ambiente. Para ajudar a desenvolver essa consciência de cidadania, traz dicas importantes e eficientes que visam melhorar o meio em que vivemos. Apresentado pelo professor Nélio Guazelli, do curso de Arquitetura e Urbanismo, o programa tem o compromisso de levar mensagens aos ouvintes sobre suas atitudes, para a busca de uma cidade mais limpa, despoluída e pacífica.

Arte Flameca - O programa apresenta ao ouvinte o universo falamenco, abordando as oringens, a musicalidade e a dança. Apresentado por Márian Trier, professora de dança famenca, tem como objetivo difundir a riqueza cultural em que o Flamenco está envolvido.

Reportagem do Umuarama Ilustrado, cedida para o portal Unipar