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Umuarama: Estudante de Direito escreve sobre economia solidária
Publicado em: 26/11/2012 às 10:30
Tarcísio Miguel Teixeira defende a Ecosol como um sistema que envolve as pessoas como agentes tomadores de decisão e não somente como meros participantes operacionais
“Nós podemos ser educados para caminhar com os outros, produzir com os outros e dividir. É este o objetivo da economia solidária, educar os homens para que aprendam produzir, assumir riscos e dividir lucros em conjunto.” A afirmação é do estudante de Direito, Tarcísio Miguel Teixeira, ao expor, em artigo, as características e as vantagens da Economia Solidária, ou EcoSol, como vem sendo chamada. Leia abaixo a íntegra do artigo, escrito com orientação da professora de Linguagem Jurídica, Tatiane Henrique Sousa Machado.
O que é economia solidária?
Tarcisio Miguel Teixeira
Ocorre um novo fenômeno na sociedade denominado Economia Solidária. Esta transcende a economia clássica, pois a economia solidária ou Ecosol é um sistema de condução da sociedade que transita pelas áreas da Sociologia, da Economia, da Política e mesmo da Psicologia. O capitalismo liberal, ao qual o Brasil esteve imerso nos últimos anos, tem como uma das suas características essenciais à valorização do indivíduo e sua capacidade de conquistas particulares. Aliás, o sistema estimula e usufrui desta forma de comportamento das pessoas dentro da sociedade, já que é “valorizado” o trabalhador que compete com seus colegas e com isso o sistema reproduz pessoas isoladas e fragilizadas em suas conquistas sociais. A EcoSol na contramão dessa forma de produzir e distribuir os resultados, visa à produção e divisão solidárias, com o envolvimento da comunidade como agentes tomadores de decisão e não somente como meros participantes operacionais. A EcoSol é também um processo educacional, pois da mesma forma que o sistema neoliberal investe em criar uma ideologia individualista na sociedade, a EcoSol educa os indivíduos para atuarem de forma conjunta e valorizarem o trabalho solidário. Ou seja, também podemos aprender a sermos mais solidários e voltarmos nossas energias e dedicação para o sucesso coletivo. O homem necessita da participação de outras pessoas em sua vida. Na realidade, o homem é incapaz de iniciar sua caminhada neste planeta sem a participação de seus semelhantes. Nós podemos ser educados para caminhar com os outros, produzir com os outros e dividir. É este o objetivo da economia solidária, educar os homens para que aprendam produzir, assumir riscos e dividir lucros em conjunto. A EcoSol promove a igualdade entre os seus participantes e insere no seio da sociedade uma forma diferente desta mesma sociedade enxergar-se. Os indivíduos passam a valorizar-se como grupo e propagam esta ideia para seus próximos (filhos, vizinhos e associados de cooperativas ou associações). A Ecosol promove o efeito multiplicador, mediante novas cooperativas, associações e redes que podem ser abertas de acordo com o envolvimento de mais pessoas. A EcoSol é um empreendimento autogestionário, ou seja, os seus participantes estão comprometidos em trabalhar pelo seu sucesso, mas também estão envolvidos nas decisões estratégicas. Por fim, a Economia Solidária transcende a forma de entender e usar a natureza, pois nesta forma de produzir os bens ambientais são vistos como difusos, coletivos e transgeracionais, conforme determina a nossa Constituição Federal em seu art. 225: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
Tarcisio Miguel Teixeira é professor do IFPR/Câmpus Umuarama e acadêmico do curso de Direito da Unipar. O artigo tem a colaboração da professora de Linguagem Jurídica, Tatiane Henrique Sousa Machado.