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NOTÍCIA

Trote solidário: ações ajudam a comunidade

Publicado em: 04/03/2010 às 16:32

Todo início de ano estudantes da UNIPAR aderem a ações filantrópicas. São motivados a participar ao mesmo tempo em que são alertados sobre a proibição dos trotes adversos e violentos na Instituição

Calouros da UNIPAR doam sangue

Todo início de ano estudantes da UNIPAR aderem a ações filantrópicas. São motivados a participar ao mesmo tempo em que são alertados sobre a proibição dos trotes adversos e violentos na Instituição. Colouro da UNIPAR doa sangue, doa alimentos, doa fraldas. Em artigo, a estudante de Pedagogia, Joana Biavatte critica os trotes cruéis e elogia as atitudes beneficentes. Confira

Calouro é bicho?

Por Joana Biavatti

No início do ano letivo, além das inúmeras notícias relacionadas ao tráfico, assassinatos, violência, sequestros, corrupção e afins, vemos embasbacados o relato de atrocidades cometidas contra calouros, durante os trotes universitários. Além do choque e da revolta, sinto uma crescente indignação ao fato desses “seres” serem denominados universitários.

Na Universidade onde estudo os trotes são coibidos veementemente, sob pena de sanção disciplinar que pode chegar à expulsão. O que se observa no início do ano são ações de arrecadação de alimentos e outros donativos que são posteriormente doados a entidades do município. O trote atroz foi há muito substituído pelo trote solidário.

Frente às imagens de calouros queimados, espancados, chicoteados ou em coma alcoólico, me vêm dois questionamentos. O primeiro está relacionado a quebra de sonhos, a decepção. Imagine você, ou seu filho, investir anos de dedicação, estudo e abdicação em prol do ingresso em uma instituição de ensino conceituada, certo de ser este o caminho para o crescimento pessoal e profissional, e no primeiro dia de aula ser literalmente atacado por uma tribo de selvagens que lhe obrigam a cumprir “penas” humilhantes, o colocando em situação degradante, quando não em situação de risco a vida. Ensino superior é isso?

Esse é o meu segundo questionamento. O que essas pessoas acreditam estar fazendo no meio acadêmico? Erroneamente e infelizmente vemos muitos jovens encararem essa nova fase da vida como uma fase de festas, namoros, badalação, noites em barzinhos, desfile de carros na frente das instituições, enfim, tudo menos o estudo, a qualificação, o desenvolvimento de habilidades e competências, a pesquisa em benefício da comunidade. (...)

Sei que os professores estão dispostos a ensinar, mas será que o aluno está disposto a efetivamente aprender? Tristemente, para alguns só interessa o canudo. O pedaço de papel.

Muitas instituições são resistentes em coibir o trote por considerarem que essa prática lhe confere grau de qualidade. Senhores, sinto muito. A qualidade do ensino não é mensurada pela concorrência de um curso. A qualidade de uma IES é medida por seus professores, por seus ambientes de ensino, pela sua estrutura educacional, pelo seu acervo bibliográfico, pela coibição do que é errado e enaltecimento do que é certo. Uma instituição que se preza fornece aos alunos subsídios ao desenvolvimento humano, a noção básica de que os conhecimentos adquiridos devem ser aplicados em beneficio da comunidade onde vivemos. Que profissional seremos se não formos, antes de tudo, seres humanos?

Universitários, a mudança social começa conosco. Nossa própria história mostra nossa força. Usemos nosso intelecto para o desenvolvimento de práticas humanistas, inteligentes, que possam ser revertidas em melhoria para a qualidade de vida. Veterano não deve agir como animal. Calouro não é bicho. Instituição de ensino não é zoológico. E racionalidade nunca fez mal a ninguém.

*Joanna Biavatti é acadêmica do curso de Pedagogia da UNIPAR Campus Toledo

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