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Com suporte científico da Unipar, Umuarama pesquisa incidência da toxoplasmose no município
Publicado em: 22/06/2012 às 15:50
O mestrado em Ciência Animal está à frente de um projeto social que pretende levantar números e sugerir medidas de prevenção
Uma pesquisa que está sendo realizada no programa de mestrado em Ciência Animal da Universidade Paranaense – Unipar deverá colaborar para o mapeamento da incidência e formas de transmissão da toxoplasmose em gestantes na região de Umuarama e para direcionar a elaboração de um plano de prevenção da doença, que está entre as de maior ocorrência mundial.
Inserido na linha de pesquisa em Saúde Pública, os trabalhos já começaram e contam com parceria da Secretaria Municipal de Saúde e Universidade Estadual de Londrina. Uma equipe de pesquisadores da UEL veio recentemente à cidade para a implantação do ‘Programa de Vigilância da Toxoplasmose Gestacional e Congênita no Município de Umuarama’ (nome oficial do projeto).
Essa equipe ministrou um treinamento, que aconteceu no auditório da prefeitura, reunindo cerca de 175 funcionários, entre médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e outros profissionais ligados ao setor. Também participaram alunos da Unipar, de cursos de graduação (Medicina Veterinária, Farmácia, Ciências Biológicas, entre outros) e do mestrado em Ciência Animal.
O treinamento foi conduzido pelo professor Italmar Teodorico Navarro, doutor em Saúde Pública, que fez uma explanação geral sobre a doença, alertando dos perigos que representa para a saúde e como se propaga. “A toxoplasmose é uma das infecções mais temidas durante a gravidez devido ao risco de acometimento do feto. Crianças infectadas podem apresentar, ao nascimento, os sinais e sintomas como hidrocefalia, coriorretinite, calcificação cerebral e retardo mental, ou podem nascer normais e desenvolver seqüelas durante a infância ou, até mesmo, na fase adulta”, explicou Navarro, que é referência no assunto, no Brasil.
Com alta prevalência mundial, chamou a atenção para o fato do problema ser assintomático ou apresentar sintomas leves: “Isso torna o diagnóstico clínico difícil; nos pré-natais, recomendamos que sejam feitos exames laboratoriais para o diagnóstico da infecção materna”. Deu exemplo chocante, que resultou de pesquisa feita em Londrina: “São acometidas de 30 a 40 crianças, por ano; ou seja, lotamos uma sala de aula de crianças com problema de visão, de audição, neuromotor ou com déficit de aprendizagem. Isso poderia ser evitado, se detectado e tratado o problema”.
Acompanharam o pesquisador no treinamento as professoras doutoras Regina Mitsuka Breganó e Fabiana Maria Ruiz Lopes-Mori e as mestres Célia Reis e Renata Dias, todas integrantes de projetos com o mesmo objetivo, realizados em outros municípios do estado do Paraná.
O evento foi conduzido pela coordenadora do mestrado em Ciência Animal da Unipar, professora doutora Daniela Dib. Na abertura, ela ressaltou a importância deste trabalho. “O objetivo é determinar a prevalência da toxoplasmose e associar aos fatores de risco em gestantes atendidas pelas unidades básicas de saúde do município”, ratificou. “Com os resultados, espera-se caracterizar a epidemiologia da toxoplasmose congênita, associando aos fatores de risco e fatores socioambientais que orientarão o programa de controle desta enfermidade no município”, informa a coordenador, lembrando que a intenção é ampliar os trabalhos: “Faremos com que este projeto seja o primeiro de muitos outros que virão, pois o objetivo do mestrado em Ciência Animal é levar o conhecimento além dos muros da Unipar, para beneficiar a comunidade”.
O projeto na Unipar faz parte da dissertação da mestranda Isabel Caetano e tem participação do professor doutor Luiz Sérgio Merlini, que também leciona no curso de graduação de Medicina Veterinária e coordena a especialização em Vigilância Sanitária da Unipar.
O que é
A toxoplasmose é uma zoonose universalmente distribuída causada por um protozoário intracelular chamado Toxoplasma gondii. A doença possui distribuição geográfica mundial, com alta prevalência sorológica, podendo atingir mais de 60% da população em determinados países, inclusive o Brasil. Os casos da doença clínica são menos frequentes. Apesar da elevada frequência de infecções inaparentes, a toxoplasmose pode manifestar-se como uma doença sistêmica severa, como ocorre na forma congênita.
Transmissão
Pode ocorrer por três vias: fecal-oral (ingestão de água, solo, areia, frutas e verduras contaminadas por oocistos eliminados nas fezes dos animais), carnivorismo (consumo de carnes e produtos de origem animal crus ou mal cozidos contendo cistos teciduais do parasito) e transplacentária (via circulação materno-fetal, com a passagem de taquizoitas presentes em grande número, na circulação materna durante a fase aguda da infecção). Outras formas de transmissão podem ocorrer de modo menos freqüente, como pela ingestão de leite cru de cabra e da mulher infectada, pelo sangue em transfusões, transplantes de órgãos e acidentes em laboratório.
Tratamento e recomendações
Ninguém precisa ter medo de gatos, normalmente considerado o vilão da história. O que precisa ser feito é a retirada e limpeza correta do local onde o animal defeca. Para manusear as fezes, é preciso sempre usar luvas ou uma pazinha ou ainda adotar as caixinhas higiênicas para os gatos. Evitar que o animal tenha acesso ou ainda defeque em hortas ou jardins também diminui a exposição ao parasito, ou seja, nunca descuidar dos cuidados de higiene básicos. Qualquer pessoa infectada deve procurar um médico ou uma unidade básica de saúde para que possa realizar a conduta clínica e terapêutica adequada para esta enfermidade.