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Cascavel: Simpósio de Psicologia fala de amor, cuidado e educação
Publicado em: 24/05/2011 às 14:11
Psicólogos, pedagogos e médicos destacaram fatores genéticos e ambientais que impulsionam a sociedade contemporânea
Os verbos amar, cuidar e educar estiveram em pauta no 10º Simpósio do curso de Psicologia da Universidade Paranaense – Unipar, realizado em parceria com a 2ª Conferência da Clínica Ama. Para abrir o evento e falar sobre ‘Desafios da sociedade contemporânea’ foi convidada a professora Rejane Coelho, que diz que para formar um indivíduo é necessário que alguém se coloque como referência de amor e de lei.
“Diante da criança é necessário um adulto que assuma funções amorosas e de responsabilidades, que confira um lugar à criança e que defina limites”, explicou. A psicóloga falou das mudanças no contexto familiar, relembrando sua estrutura antes do capitalismo (aristocrática e camponesa), no século 18 (estilo nuclear burguesa) e no período contemporâneo (tentacular).
A palestra problematizou as práticas educativas da família em uma dimensão sócio-histórica, refletiu como tem se caracterizado tais práticas na sociedade atual e apontou para a importância do processo reflexivo e dialógico ao pensar a relação entre amar, cuidar e educar.
Outro assunto despertou o interesse de acadêmicos, pais e profissionais da área, ‘Neuroeducação: O que é? O que mudar?’, abordado pela neurologista da infância e adolescência, Marta Clivati. Ela questionou por que a escola, o professor e o cérebro humano são insubstituíveis.
Ao definir neuroeducação, diz que “é um campo interdisciplinar que combina neurociências para criar melhores métodos de ensino, tendo como objetos de estudo a educação e o cérebro, órgão social que pode ser modificado pela prática pedagógica”. A doutora explicou como os alunos aprendem e memorizam, quais os transtornos neuropsiquiátricos, como podem afetar o aprendizado e como proceder.
A endocrinologista Marise Vilas Boas trouxe a abordagem ‘Puberdade: mudanças hormonais e suas consequências’. Contextualizou a fase da adolescência, caracterizada por transformações anatômicas, fisiológicas, psicológicas e sociais (10 a 20 anos) e a fase da puberdade, englobando conjunto de alterações relacionadas ao crescimento físico e à maturação sexual.
Segundo ela, podem interferir no desenvolvimento puberal: características individuais, diferença de gênero, diferença racial, influências ambientais e geográficas. Além do corpo, são comuns mudanças de humor, atração sexual, reconstrução da imagem corporal, sexualidade, autoestima e formação de grupos. “É fundamental estar atento às mudanças no comportamento. A vulnerabilidade desta fase traz riscos maiores para aparecimento de patologias”, frisou.
Para falar sobre ‘Aspetos ginecológicos na infância e adolescência’ foi convidada a ginecologista e obstetra Valéria Marques, que levantou tópicos relacionados à anatomia genital masculina e feminina, atração física, ciclo menstrual, fecundação, fertilização, gravidez na adolescência, métodos anticoncepcionais (camisinha masculina, camisinha, tabelinha, pílula do dia seguinte, diu, laqueadura e vasectomia), aborto, desenvolvimento fetal, sexualidade na gravidez, hora do parto e bebê saudável.
Os participantes puderam aprender também sobre ‘Doenças respiratórias - prevenção e intervenção’, com a médica pneumologista Mafalda Kuhn, que aprofundou conhecimentos sobre fibrose cística, “doença genética letal mais comum na raça branca, causada por um distúrbio nas secreções de algumas glândulas exócrinas - produtoras de muco”. A doutora falou de resfriado comum, gripe (epidemiologia, quadro clínico, complicações), vacina antigripal e asma (diagnóstico e efetividade no tratamento).
Na palestra intitulada ‘Limites: entrelaçando o amor e o cuidar nas relações familiares’, a psicóloga e pedagoga Maria Abrunhoza destacou que a globalização, as novas tecnologias e a emancipação da mulher no mercado de trabalho deram origem à nova sociedade da informação, com perda das tradições: crianças e adolescentes sem referências, o não cumprimento da lei, o consumo como tentativa de preenchimento da angústia (álcool/drogas) e a sexualidade que exclui a afetividade (relações virtuais).
Ela responde que as causas dessa sociedade anestesiada ou apática são ausência de limites e frustrações. “Limite é sinal de amor e deve ser incorporado na infância. É preciso dizer sim sempre que possível e não sempre que necessário”, afirma, dizendo que a melhor maneira de educar os filhos é estar comprometido, imerso na situação: “A mensagem que se deve passar é a disponibilidade psicológica e emocional, o afeto e as regras morais, que serão as lembranças que os filhos levam vida afora”.
Em minicursos foram trabalhadas questões de sexualidade, obesidade, brincar, hiperatividade, psicomotricidade, adolescência, afeto, educação infantil, violência, terapia ocupacional e dificuldade de aprendizagem.