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NOTÍCIA

Umuarama: Pesquisa resgata biografia de ‘Palha Roxa’

Publicado em: 28/12/2010 às 15:50

Radialista, que ganhou notoriedade nos tempos dos programas de auditório, é um dos personagens focados pelo projeto que estuda o universo radiofônico de Umuarama

Regis Andrade e Sônia Moro: pesquisa resgata história de Palha Roxa e do rádio em Umuarama
Dupla ostenta menção honrosa recebida: a primeira pesquisa a receber tal destaque no curso
Regis Maria de Andrade: estudante quer continuar pesquisando em 2011

Resgatar o perfil do apresentador José Grande Russi, popularmente conhecido como Palha Roxa, afim de compor o histórico de comunicação da mídia radiofônica no cenário da sociedade umuaramense. Este foi o objetivo do trabalho desenvolvido pelo curso de Comunicação Social / Publicidade e Propaganda da Universidade Paranaense – Unipar, Campus Umuarama.

Sob coordenação da professora Sônia Maria Moro do Nascimento, que é doutora em comunicação, a pesquisa teve participação do estudante Regis Maria de Andrade, integrante do Pibic (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Científica) da Unipar.

‘Grandes nomes do rádio umuaramense: Palha Roxa em perfil’ foi o nome dado ao artigo científico que resultou do estudo realizado por Regis de Andrade durante o ano e que se encaixa num trabalho mais amplo, o projeto de pesquisa ‘Em fina sintonia com a história: A performance do universo radiofônico em Umuarama, em cinco décadas de ondas sonoras no ar’, desenvolvido por Sônia Moro.

Para o levantamento biográfico, Regis de Andrade buscou apoio da filha mais nova do radialista, Ângela Russi, que repassou muitas informações em fotos e materiais impressos que fazem parte do acervo pessoal dela. Dados de um documentário realizado em 2007 por estudantes de Comunicação e de outras fontes também ajudaram o estudante a compor seu trabalho, que lhe rendeu prêmio: pelo mérito científico, recebeu menção honrosa no 9º Encontro de Iniciação Científica da Unipar, promovido no final do ano.

Em seu trabalho, ele destaca a importância do estudo. “Nessa direção, a proposta de registrar os grandes nomes do rádio na cidade de Umuarama alcança um objetivo maior: o de circunscrever a memória cultural da sociedade umuaramense”, relata, na introdução.

Segundo Sônia Moro, o intuito foi, por meio do viés investigativo da história do rádio, destacar e dar ênfase aos locutores de Umuarama. Além do destaque no Encontro, estudante e professora se orgulham do peso que tal conquista traz: a pesquisa foi a primeira a ser premiada na história do curso de Comunicação Social.

“Para o curso essa classificação gera incentivo e as pesquisas em comunicação passam a ser reconhecidas sob um foco científico”, destaca a docente. “É um grande passo para motivar os estudantes a pesquisar e a ampliar seus horizontes”, emenda o estudante.

Regis de Andrade diz que busca com sua participação em projetos de pesquisa aprender ainda mais sobre seu futuro como comunicador. Integrante de programas de iniciação científica desde o ano passado, quando participou do Pic (Programa de Iniciação Científica), e agora no Pibic, ele ressalta que o aprendizado foi grande: “Posso aprender ainda mais sobre a história dos meios de comunicação que podemos atuar. Ano passado estudei a revista e sua trajetória histórica em Umuarama, este ano o rádio”.

Para 2011 os planos já estão traçados. “Vamos continuar com os estudos sobre o rádio, mas, desta vez, voltado à produção publicitária, seguindo a linha histórica de como era e como é hoje”, informa a professora. E Regis de Andrade, que se prepara para o terceiro ano da faculdade, quer participar: “Tentarei novamente vaga nos programas de iniciação científica para continuar pesquisando”.

O Radialista Palha Roxa Em entrevista com a filha mais nova deste grande ícone do rádio umuaramense, o estudante conheceu um pouco mais sobre a história e o legado deixado por José Grande Russi.

Nascido na cidade de Três Corações/MG, Palha Roxa chegou ao Paraná aos dezessete anos de idade. Inicialmente, foi morador das cidades de Cornélio Procópio, Cambé, Nossa Senhora das Graças e, depois, Umuarama. Sua história com o universo radiofônico, iniciou-se em 1965 na Rádio Cultura, onde substituía o locutor ‘Zé Tramela’.

Com o tempo, seu trabalho foi ganhando destaque e ele adquiriu o seu espaço como locutor de rádio, com seu próprio programa. “Ele era como se fosse um artista de TV hoje; era muito famoso e popularmente conhecido como ‘Palha Roxa’. A origem do apelido se deu pelo fato de ele querer um nome artístico como todo locutor sertanejo tinha”, conta a filha, Ângela Russi. “Apesar de ter estudado somente até a quarta série, ele falava, escrevia e compunha músicas, poesias e trovas muito bem”, ressalta.

Com programa sertanejo, no estilo moda de viola e caipira, o radialista foi angariando fãs. “Ele gostava muito de tradições culturais e como passar do tempo, foi se adaptando, mas, sempre no estilo sertanejo”, relembra Ângela Russi. Ela também relembra que, além de suas atividades na rádio, Palha Roxa também promovia encontros de Folia de Reis na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, “onde o padre Dantas, permitia que esses encontros fossem realizados no domingo a tarde, onde apresentava entrevistas nos anos de 1994 e 1995”.

“Ele gostava muito de cultura, fazia trova antes da música. Ele anunciava a música no rádio e antes falava uma trovinha que ele próprio escrevia. Ele também fazia e escrevia teatro, o mais conhecido era o ‘Tealma’ (Teatros Amadores de Umuarama), peça de teatro amadora que ele mesmo escrevia e dirigia,era ele próprio quem fazia o cenário e a parte da música, ele rodava a região apresentando o teatro e emocionando o público que gostava muito de assistir”, conta a filha.

O radialista ainda aprendeu a tocar sozinho seu violão e, deixou muitas composições na casa de Ângela Russi. Segunda ela, havia uma pasta com todas as músicas e mesmo sem saber a partitura, ele tocava e treinava todos os dias. José Grande Russi comandou ainda o programa de auditório intitulado ‘Roda de Violeiros’, nos fundos da Rádio Cultura. O comércio o auxiliava com brindes. Por prazer e amor à profissão, ele atendia a convites e encantava o público.

O radialista ainda foi candidato a vereador. “Ele perdeu porque não levava ‘Palha Roxa’ no nome, era só apelido. As pessoas votaram no Palha Roxa pensando ser ele, por não conhecer o nome verdadeiro. Foi o mais votado de Umuarama só não se elegeu por este motivo” explica Ângela Russi.

O último programa comandando por ele, foi ao ar pouco tempo antes de seu falecimento. Como conta a filha, ele se despediu do público e anunciou sua saída de férias. “Seu último programa foi muito emocionante. Ele se despediu de todos, como se estivesse pressentindo que não voltaria mais”, emociona-se Ângela Russi. Pouco tempo depois, em 1998, José Grande Russi, faleceu repentinamente com um infarto. Comunicativo, amistoso e simpático, deixou de lembrança seu estilo simples e suas histórias de rádio.

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