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Umuarama: Charrete propõe novo modelo de urbanização para Parque das Jabuticabeiras
Publicado em: 23/11/2010 às 13:40
Concurso fez 160 estudantes passarem 24 horas pensando em soluções viáveis para o bairro localizado na bacia do Piava, rio que abastece a cidade e que sofre com poluição e outros problemas
Um cd com informações de apoio, vale plotagem, pranchas, muitas ideias, um tema central e 24h de intenso trabalho. Esta foi a experiência vivenciada pelos estudantes do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Paranaense – Unipar, Campus Umuarama, durante a 10ª Charrete (em 23 a 24/9).
A atividade compôs a 13ª Semana de Arquitetura e Urbanismo. O tema ‘Proposta alternativa de urbanização do Parque das Jabuticabeiras e 7 Alqueires na Apa do Rio Piava’ desafiou os grupos a pensar a urbanização do Parque das Jabuticabeiras. Durante a madrugada, 160 futuros arquitetos trabalharam e montaram seus projetos.
“Propusemos que apresentassem um novo modelo de urbanização, criando um bairro capaz de abrigar o mesmo número de habitantes, realocar a população que já se encontra neste loteamento, mas a partir de conceitos que diminuam o impacto ambiental dentro da Apa (Área de Proteção Ambiental) do Rio Piava e que melhorem a qualidade de vida dessa população”, explica o coordenador do curso, professor Alexander Hulsmeyer.
No Charrete, as equipes de trabalho são obrigatoriamente mistas e os participantes seguem uma série de regras para que possam chegar até a final da competição. Após as etapas iniciais serem cumpridas, eles ‘viram a noite’ no Campus trabalhando.
Os resultados da atividade foram apresentados na sexta-feira (24/9). Para avaliação, uma banca de professores convidados e do curso é formada e alguns critérios são seguidos, entre eles pertinência e coerência da proposta, qualidade de diagramação e layout das pranchas, capacidade de síntese e argumentação nos memoriais justificativos, qualidade da apresentação oral e sua objetividade e cumprimento dos horários e regras do Charrete.
“Se as regras e horários não são seguidos corretamente, a equipe é desclassificada. Este ano, todos tiveram um bom aproveitamento e muita disciplina no desenvolvimento”, diz o coordenador.
A equipe ‘A Máquina’ composta pelos estudantes Ana Cláudia Maia, Joaquim Garcia Júnior, João Paulo Mignaca, Gislaine Hipolito, Kelly Cabreli, Lorran Felipe Mirando, Maria Izabel Barreto, Micheli Ferroni de Matos, Nívea Monte, Paulo Augusto Lopes, Paulo Alberto Pinto, Rafael Henrique Madeira, Renato Guarnieri, Taline Mangolin, Willian Lamperti e Wilson Sgorlon deu um show em seu projeto e conquistou o primeiro lugar. Camisetas foram distribuídas aos vencedores.
“Eles propuseram um projeto urbanístico de parcelamento de solo, incluindo habitação para população já existente, visando melhorar o perímetro urbano, a qualidade de vida da população, a infraestrutura e supraestrutura, com alternativas como calçada ecológica, reforma de trevo de acesso, ciclovia, pista de caminhada, arborização com espécies adequadas, unidades de saúde, escolas, creches, além de alocar o comércio pré-existente”, explica o coordenador.
Segundo ele, a proposta compreendia um conceito de parcelamento de ‘Cidade Jardim’. “O traçado das ruas adequa-se à topografia do terreno, criando ruas sinuosas e de assimetria orgânica proporcionando diversas surpresas e paisagens; haveria um aproveitamento máximo da vegetação nativa para aumentar a permeabilidade do solo, implantação de área de lazer e a prática de esporte para promover a integração social entre os moradores, áreas destinadas ao comércio e serviço planejadas de forma a facilitar o acesso e autonomia dos moradores e o uso de ‘cul-de-sac’, para que os habitantes deixem de ter contato com a rua barulhenta, privilegiando a vida comunitária, entre outros”, informa Huslmeyer.
Ainda de acordo com Huslmeyer, o projeto previa também um bosque com árvores frutíferas, cooperativa para produção de polpa de fruta e sistema de compostagem de folhas para aumento da renda e contribuição com o orçamento familiar. “O esgotamento sanitário seria instalado ao fundo do parcelamento, abaixo do lago, com um reservatório compacto para o tratamento do esgoto gerado pela população local. Os resíduos sólidos deste esgoto seriam tratados de forma que pudessem ser utilizados como matéria orgânica na área de cultivo de árvores frutíferas e a água tratada, reutilizada pelas edificações no uso de instalações sanitárias e serviços”, explica.
A Charrete
A palavra ‘charrete’ é de origem francesa e refere-se a um carro empurrado manualmente por comerciantes e utilizado nas ruas de Paris, durante o século 19. Já no contexto de projetos e planos urbanísticos o termo pode ser encontrado na Escola de Belas Artes. “Uma parte integral do currículo em arquitetura na Escola de Belas Artes referia-se à tradição de dar aos estudantes uma tarefa impossível de ser completada em um tempo inacreditavelmente curto. Na conclusão desse exercício intensivo, uma carroça (charrette) passava pelas ruas, recolhendo os projetos e todos os seus desenhos para serem avaliados”, explica o coordenador do curso, professor Alexandre Huslmeyer.
“Mais recentemente, o conceito de charrete foi revisto e utilizado novamente por planejadores e paisagistas na América do Norte, em um esforço para revigorar os processos de projeto e planejamento com envolvimento comunitário”, emenda.
Na Unipar, a noite de trabalhos se inicia com palestras preparatórias. “Das 19h às 21h, profissionais especializados palestram sobre assuntos ligados ao tema proposto”, explica o professor. Segundo ele, após as palestras o tema é lançado e os estudantes recebem o material de apoio para realização das atividades.
“Em seguida, os grupos têm um tempo para buscar em casa o que for necessário para passar a noite na Universidade, contando que retornem ao Campus até às 00h00min”, informa Alexandre Hulsmeyer.
As atividades seguem até às 6 horas. “No período das 6h às 12h, os estudantes podem se ausentar por duas horas. Se a equipe desrespeitar os prazos é eliminada do projeto”, diz. Das 13h em diante, eles recebem ‘vale-plotagens’ para plotar a prancha e finalizar seus trabalhos, tendo que entregá-los até às 19h para comissão avaliadora. Os trabalhos são julgados e o melhor é premiado.